Primeira-ministra norueguesa investigada pela polícia por violação de regras de confinamento

Erna Solberg juntou a família para um jantar e um almoço em que houve aglomerações que não respeitaram os limites em vigor.

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Erna Solberg pode ser castigada nas urnas em Setembro Reuters/DEPARTMENT OF FOREIGN AFFAIRS

É sabido que em política não há almoços grátis, mas em pandemia os almoços em grupo podem sair bem caros. É o que está a aprender a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, que está a ser investigada pela polícia por suspeita de quebra das regras de confinamento contra a pandemia em vigor no país.

Em causa está uma viagem que Solberg e a família fizeram no final de Fevereiro à estância de esqui de Geilo, 200 quilómetros a Noroeste de Oslo, numa altura em que estava em vigor um conjunto de regras que limitava as interacções sociais. A revelação foi feita na quinta-feira pela cadeia pública de televisão NRK e a própria primeira-ministra veio a público pedir desculpa.

“Lamento que a minha família e eu tenhamos violado as regras do coronavírus, isso é algo que nunca deve acontecer”, escreveu Solberg numa publicação no Facebook, após a emissão da reportagem. “Penso especialmente em todos aqueles que tiveram de cancelar planos pelos quais esperavam, uma festa de aniversário com colegas de turma, um festejo com amigos ou qualquer outra coisa importante. Compreendo todos aqueles que estão zangados e desapontados com isto”, disse a chefe do executivo.

Na sequência das revelações, a polícia norueguesa abriu uma investigação formal ao comportamento de Solberg para apurar “uma potencial violação das regras sobre doenças infecciosas”. “O assunto será avaliado pela autoridade de acusação em virtude de uma potencial sanção legal”, comunicou a polícia num comunicado esta sexta-feira, citado pela AFP.

A família de Solberg reuniu-se para assinalar o 60.º aniversário da primeira-ministra e juntou-se para um jantar, a 25 de Fevereiro, num restaurante que juntou 13 pessoas, violando a regra que limitava ajuntamentos a um máximo de dez pessoas. Solberg não participou nessa refeição por estar no hospital a ser vista por causa de um problema ocular.

Mas, no dia seguinte, a primeira-ministra esteve presente num almoço no seu apartamento em que estavam 14 pessoas da sua família.

A Noruega vai a eleições legislativas em Setembro e o Partido Conservador de Solberg pode ser castigado nas urnas.

Solberg até vinha a ser elogiada a nível internacional pela rapidez com que o seu Governo decretou medidas de confinamento, assim que foi notificado o primeiro óbito. A eficácia das medidas permitiu que a Noruega conseguisse controlar os surtos e conter os seus efeitos.

Desde o início da pandemia, o país escandinavo, de cinco milhões de habitantes, registou apenas 648 mortes atribuídas à covid-19, contrastando com o impacto na vizinha Suécia que, com o dobro da população, sofreu mais de 13 mil mortes.

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