Task force pede ajuda aos autarcas para poder vacinar até 120 mil pessoas por dia em Abril
Coordenador do grupo de trabalho quer que centros de vacinação em massa estejam prontos para começar a funcionar quando Portugal começar a receber um grande volume de doses.
O coordenador da task force responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, quer ter tudo preparado no terreno para poder arrancar já em Abril com os chamados “centros de vacinação em massa”, estruturas que permitam atingir um ritmo de administração de entre 100 mil a 120 mil doses por dia, um ritmo quatro vezes superior ao actual.
Para isso e depois de ter pedido, numa carta enviada aos autarcas em Fevereiro, para não activarem os centros de vacinação em larga escala que tinham anunciado, de forma a não criarem “expectativas infundadas” às pessoas, o vice-almirante Gouveia e Melo voltou a escrever aos presidentes de câmara, apelando agora à sua colaboração na nova fase da operação que vai começar no próximo mês.
“A concretizarem-se as actuais previsões de entrega de vacinas, a entrada no segundo trimestre irá traduzir-se na necessidade de organizar a vacinação dos portugueses a um ritmo muito superior ao actual”, que vai “aumentar de forma quase exponencial, passando do actual ritmo médio de vacinação na ordem das 30 mil doses para valores médios diários na ordem das 100 a 120 mil doses”, o que implica “uma evolução muito relevante no modus operandi de administração das vacinas”, explica na carta a que o PÚBLICO teve acesso.
Para garantir que, “ao longo da primeira quinzena de Abril, a capacidade de vacinação possa estar completamente instalada e testada”, Gouveia e Melo alerta, na missiva que chegou aos autarcas na passada sexta-feira, para “a premência do processo” de preparação destes centros durante “as próximas três semanas”. Tudo para que os centros possam estar prontos para funcionar, quando Portugal começar a receber um grande volume de doses das várias vacinas já aprovadas.
“Tendo conhecimento da edificação, pelas autarquias, de estruturas com vocação para a vacinação maciça”, é agora necessário garantir a sua disponibilização “sob coordenação dos agrupamentos de centros de Saúde (ACES) e em articulação com as autoridades de Saúde de âmbito local e as autarquias, garantir, de forma gradual e adequada às necessidades geográficas”, sintetiza.
O coordenador da task force avisa, porém, que as autarquias devem seguir as recomendações que constam da orientação técnica que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) elaborou “com base nas lições aprendidas no projecto-piloto” realizado em conjunto com as Forças Armadas.
Em Fevereiro passado, Gouveia e Melo decidiu escrever aos autarcas para lhes pedir calma, por considerar que a montagem, em alguns municípios, de centros de vacinação rápida podia criar “expectativas infundadas na população”, face à escassez das doses que chegam a Portugal nesta primeira fase da operação. Estes centros, admitia então, serão necessários num futuro próximo, desde que instalados num processo coordenado e gradual, à medida das necessidades.
Porto anunciou instalação em Fevereiro
A carta foi enviada depois de várias autarquias terem decidido criar centros de vacinação em massa. Em Fevereiro, a Câmara do Porto anunciou a instalação de um centro de vacinação no modelo drive thru (sem necessidade de sair do carro) no Queimódromo, em conjunto com os centros hospitalares do Porto (Santo António) e São João e com o laboratório Unilabs, com capacidade para administrar até duas mil doses por dia.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, adiantou na altura que a capacidade de inoculação podia ainda ser triplicada, com a criação de mais dois centros: outro drive thru em São Roque da Lameira, no antigo parque de recolha dos STCP, e um walk thru (em que as pessoas entram e saem a pé) nos jardins do Palácio de Cristal. A operação de vacinação esteve para começar com a inoculação de mais de três mil elementos da PSP, mas acabou por ser cancelada.
A norma da DGS estipula que os centros de vacinação covid-19 devem ter um ou mais módulos de vacinação, cada um com cinco postos (cinco enfermeiros) e com a capacidade para vacinar cerca de 50 pessoas por hora. Têm de ter uma rede de frio adequada e profissionais de saúde com treino e formação e actuação para lidar com eventuais reacções anafilácticas e pelo menos um médico. Têm também de dispor de locais onde as pessoas possam aguardar durante 30 minutos para a monitorização de eventuais reacções adversas, além de uma sala de preparação de vacinas e uma sala de emergência.