Deputados travam destituição de Presidente paraguaio

Oposição queria afastar Mario Abdo Benítez por estar a gerir de forma ineficaz a pandemia da covid-19 no país. Votação foi recebida com protestos em Assunção.

Manifestação contra a rejeição do pedido de impeachment do Presidente paraguaio
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Manifestação contra a rejeição do pedido de impeachment do Presidente paraguaio CESAR OLMEDO/Reuters
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Manifestação contra a rejeição do pedido de impeachment do Presidente paraguaio CESAR OLMEDO/Reuters
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Manifestação contra a rejeição do pedido de impeachment do Presidente paraguaio CESAR OLMEDO/Reuters

A Câmara dos Deputados do Paraguai travou a destituição do Presidente Mario Abdo Benítez, acusado pela oposição de má gestão do combate à pandemia e do processo de aquisição de vacinas contra a covid-19. O resultado da sessão parlamentar deu origem a tumultos e manifestações violentas nas ruas de Assunção.

Dificilmente seria possível obter a maioria de 53 deputados necessária para viabilizar a destituição de Benítez, e também do seu “vice”, Hugo Velázquez, que contam com o apoio do poderoso Partido Colorado, no poder no Paraguai desde 1954, com apenas um interregno entre 2008 e 2012.

O afastamento do chefe de Estado alcançou o apoio de 36 deputados e o voto contra de 42, numa votação na quarta-feira à tarde na Câmara dos Deputados.

A notícia fez explodir a tensão acumulada de meses de pandemia – que no Paraguai causou 3588 mortes – que se juntaram à percepção pela população de uma classe política corrupta e de serviços públicos de baixa qualidade. Uma multidão de manifestantes entrou em confronto com a polícia nas imediações da Câmara dos Deputados, transformando o centro da capital paraguaia num cenário de batalha campal.

Foram detonados fogos-de-artifício que deram origem a vários focos de incêndio. Um deles atingiu o edifício da sede da Associação Nacional Republicana, o nome oficial do Partido Colorado. O incêndio acabou por ser dominado pelos bombeiros, diz a imprensa local. Também houve relato de lojas vandalizadas.

O comandante da Polícia Nacional, Francisco Resquín, colocou o cargo à disposição depois das fortes críticas do presidente do Partido Colorado, Pedro Alliana, que responsabilizou o chefe da polícia pelo ataque à sede partidária, diz o jornal ABC Color.

A contestação ao Presidente paraguaio está relacionada com a má gestão pelo Governo da pandemia e pela falta de capacidade dos hospitais em lidar com a pressão. Explica o El País que o sistema de saúde nacional já apresentava debilidades e carências ainda antes da chegada da covid-19 ao país. A falta de medicamentos é frequente e leva familiares de doentes a ter de vender comida de rua para conseguir adquirir o que necessitam.

O Governo contraiu um empréstimo de 1,6 milhões de dólares (1,34 milhões de euros) para comprar materiais médicos e medicamentos, mas nada ainda chegou aos hospitais.

A campanha de vacinação também tem andado a um ritmo muito lento, estimando-se que nem 0,1% da população de sete milhões de habitantes tenha sido imunizada. O Paraguai conta, para já, apenas com quatro mil doses da russa Sputnik V e 20 mil da chinesa Coronavac, diz a Folha de S. Paulo.

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