Susana Cerqueira e as lesões na medula espinhal

Conversámos ainda sobre tratamentos não comprovados e que são vendidos para tratar lesões na medula espinhal. Essas falsas soluções, designadamente as que alegam ser baseadas em células estaminais, têm por vezes riscos muito sérios.

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A investigadora Susana Cerqueira Robert Camarena/Miami Project to Cure Paralysis

No mais recente episódio do podcast quinzenal do PÚBLICO “Assim Fala a Ciência”, que tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos e é co-organizado por mim e por Carlos Fiolhais, tive o gosto de conversar com Susana Cerqueira, uma bióloga a trabalhar em Miami, nos Estados Unidos, que tem estudado as lesões na medula espinhal e eventuais curas.

É licenciada e doutorada pela Universidade do Minho, tendo realizado parte do trabalho doutoral na Universidade de Ljubljana, na Eslovénia, e na Universidade de Miami. Trabalhou também no Centro Alemão para as Doenças Neurodegenerativas, em Bona. Desde 2014 é investigadora na Miller School of Medicine, em Miami. Dedica-se aí ao Miami Project to Cure Paralysis, que busca soluções para curar a paralisia causada por lesões na medula espinhal. Fez recentemente parte de um grupo que aconselhou as autoridades escolares do condado de Miami Dade na decisão de abrir ou não as escolas. Lidera a secção de Miami da PAPS - Portuguese American Postgraduate Society. E, além de cientista, é professora de ballet, bailarina e coreógrafa.

Comecei por querer saber mais sobre a sua experiência de participação no grupo do condado de Miami Dade, na Florida, cujo objectivo foi aconselhar o organismo que rege as escolas públicas sobre a sua reabertura, em face da pandemia de covid-19. Susana Cerqueira falou do conjunto de critérios que serviram de base às recomendações do grupo que integrou. Quis saber também que princípios ela considera que, de um modo geral, devem nortear o aconselhamento científico ao poder político.

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A bióloga Susana Cerqueira Cristina Mendanha/artetotal

Falámos em seguida da sua investigação. Curar uma lesão na medula espinhal parece quase ficção científica. Perguntei-lhe se poderá vir a ser realidade. Susana Cerqueira explicou porque considera que sim.

Falou-me das duas vertentes do seu trabalho. Uma consiste no estudo da inflamação que ocorre a seguir a uma lesão naquela parte do sistema nervoso. Explicou porque é que o entendimento desses processos pode ajudar a encontrar fármacos que limitem os danos associados a essas lesões. A outra vertente da sua investigação procura maneiras de direccionar fármacos para os locais de lesão. Deu como exemplo os nanomateriais, que também são usados para transportar as vacinas de ARN-mensageiro contra a covid-19 para o interior das nossas células.

Conversámos ainda sobre tratamentos não comprovados e que são vendidos para tratar lesões na medula espinhal. Essas falsas soluções, designadamente as que alegam ser baseadas em células estaminais, têm por vezes riscos muito sérios que podem agravar a situação clínica de quem a elas recorre.

Durante o doutoramento Susana Cerqueira fez também um curso de professora de ballet. Terminei a nossa conversa perguntando-lhe pelo papel da dança na sua vida. Por que é a dança tão importante para ela? Como bailam juntas a ciência e a dança?

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Este programa tem o apoio da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

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