Exército birmanês faz mais sete mortos e é acusado de usar tácticas de guerra

A Amnistia Internacional analisou 50 vídeos das agressões, publicados nas redes sociais, mostrando as “mortes sistemáticas e premeditadas” de manifestantes pacíficos na Birmânia.

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Manifestantes num protesto contra a repressão militar, em Mandalay, Birmânia KAUNG ZAW HEIN/EPA

As Forças de Segurança birmanesas voltaram a causar baixas, esta quinta-feira, somando-se sete vítimas mortais aos mais de 60 mortos registados desde o início das manifestações contra o golpe militar. A Amnistia Internacional acusa os militares de usarem tácticas e armas letais de guerra contra os civis em protesto.

Seis das setes mortes registadas ocorreram na cidade central de Myaing, contou um manifestante à agência Reuters. A sétima vítima sofreu um ferimento na cabeça, no distrito de Rangum, segundo os media locais.

A Amnistia Internacional acusa os militares de estarem “cada vez mais armados com armas que são apenas apropriadas para o campo de batalha, não para acções políticas”. A organização, que realizou um relatório, analisou mais de 50 vídeos das agressões, publicados nas redes sociais, mostrando as “mortes sistemáticas e premeditadas”.

“As tácticas do Exército birmanês não são novas, mas a onda de assassinatos nunca tinha sido gravada em directo para o mundo ver”, disse Joanne Marine, directora da Resposta a Crises na Amnistia Internacional.

As imagens capturadas mostravam amiúde militares a comportarem-se de forma “inconsequente”, descreve a organização, referindo-se ao uso indiscriminado de munições reais em áreas urbanizadas e ao uso de metralhadoras contra manifestantes pacíficos.

“Estas não são acções realizadas por militares individuais, perplexos e esgotados, que tomam más decisões. Estamos a falar de comandantes impenitentes que já estão envolvidos em crimes contra a humanidade, levando os seus militares a usar métodos de guerra em céu aberto”, refere o relatório.

Num comunicado, a organização não-governamental apela ainda ao Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional para intervir de forma a terminar a violência.

Entretanto, o porta-voz da Junta Militar anunciou esta quinta-feira que o governo militar vai estar à frente do país durante um “certo tempo” e que irá realizar eleições, referindo que o poder será entregue ao partido vencedor, avançou a Reuters. 

A Junta Militar, que afastou do poder ao governo eleito de Aung San Suu Kyi a 1 de Fevereiro, tem reprimido com violência os protestos pacíficos dos civis. As denúncias internacionais têm-se repetido, mas sem obter o efeito pretendido: terminar com a repressão ao povo birmanês.

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