Trabalhadores da Liberty vão ficar em teletrabalho “de forma definitiva”
Em Portugal, grupo segurador tem 400 colaboradores, e mais 1600 em Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte.
O que começou como uma medida temporária, ditada por razões sanitárias, passou a ser definitiva. A partir desta quinta-feira, a Liberty Europa coloca dois mil colaboradores, repartidos por Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte, “de forma definitiva, a trabalhar a partir de qualquer lugar, seguindo um modelo de trabalho remoto”. Em Portugal, a seguradora do grupo norte-americano Liberty Mutual tem 400 trabalhadores.
A Liberty Seguros passou a ser “uma organização 100% digital”, avança a empresa em comunicado, precisamente no dia em que o Governo português deverá anunciará o plano do próximo desconfinamento. A opção implica deixar de ter atendimento presencial aos clientes, como já estava a acontecer no âmbito das medidas de confinamento em território nacional.
Aos trabalhadores é apenas é dada “a opção de passar até dois dias por semana no escritório, assim que a pandemia passar, para realizar actividades específicas ou reuniões presenciais”. Mas essa possibilidade fica sujeita “à disponibilidade de espaços nos edifícios”.
Já o colaborador “terá de se deslocar pessoalmente ao local de trabalho quando for necessário”, devendo ser solicitado com pelo menos cinco dias úteis de antecedência.
Como compensação, a entidade avança que os funcionários vão receber 55 euros brutos mensais (660 euros anuais), “para cobrir despesas relacionadas com a actividade”, com retroactivos a 1 de Janeiro de 2021, e manterão o subsídio de refeição. Para novas admissões, serão dados 460 euros “para adaptação do seu posto de trabalho em casa”.
A mudança radical do regime de trabalho é uma resposta aos desejos dos colaboradores, garante a seguradora: “Através de um inquérito para avaliar a experiência de trabalho, constatámos que 93% dos colaboradores afirmam não querer voltar ao modelo de trabalho em vigor antes da pandemia”, lê-se no comunicado.
O ramo europeu da multinacional de seguros, presente em 29 países, adianta que está “a antecipar o futuro, pondo as pessoas em primeiro lugar, aumentando a eficiência e atendendo às expectativas de flexibilidade dos melhores talentos do mercado”. “Assim, quem trabalha na Liberty pode viver onde preferir”, refere o comunicado, embora fique limitado ao próprio país, e fique ainda proibido de trabalhar “em espaços de co-working, bibliotecas e bares”.
A mudança acontece depois de, em Julho de 2020, a empresa ter anunciado um investimento de 100 milhões de euros para criar “um ecossistema tecnologicamente revolucionário para reinventar o modelo de negócio na cloud”.
“Esta é uma decisão em linha com a nossa identidade e valores e que tem em conta as necessidades de conciliação da vida pessoal e profissional dos nossos colaboradores. Além disso, é mais um passo no modelo de negócio na cloud, no qual já estamos a trabalhar e que estará totalmente operacional em 2024”, explica Juan Miguel Estallo, CEO da Liberty Europa, citado no comunicado.
Questionado pelo PÚBLICO sobre a possibilidade de a opção agora tomada levar a uma redução das actuais instalações físicas, a resposta não é totalmente esclarecedora: “Os espaços físicos vão manter-se, mas serão diferentes daquilo a que estávamos habituados até hoje e terão uma utilização diferente, mais dirigida a actividades que se desenvolvam com maior eficiência de forma presencial como brainstormings, workshops, formações e team building do que para actividades diárias que podem ser desempenhadas sem problemas ou diminuição na qualidade de atendimento com um modelo digital”, avança fonte oficial da Liberty.
De acordo com informação disponibilizada no seu site, a Liberty Seguros está presente em Portugal desde 2003, com a aquisição da antiga Europeia ao grupo Suíço Credit Suisse. Comercializa soluções de seguros para os segmentos particulares e empresas, dos ramos vida e não vida, e conta com 3700 agentes a nível nacional e mais de 833 mil clientes.