Feu! Chatterton, poetas ardentes do rock francês
Palais d’Argile é o terceiro álbum do quinteto parisiense e mais uma sublime inscrição no clube de herdeiros de Bashung e Gainsbourg, agora com a electrónica a juntar-se ao rock e a poesia a combater o colapso do mundo.
Antes sequer da edição do primeiro álbum, Ici le Jour (A Tout Enseveli), os Feu! Chatterton lançaram em single um tema partido em quatro partes intitulado Bic Médium (2015) e que ainda hoje resume a história do quinteto francês. É uma canção com nome de esferográfica que cruza o universo de Alain Bashung e de Serge Gainsbourg com os Radiohead (imagine-se a que a soaria a banda de Thom Yorke se tivesse passado uma adolescência com sol no quarto) e começa com o vocalista Arthur Teboul em registo de diseur. Ao longo dos 15 minutos, o tom endiabradamente poético vai-se tornando cada vez mais cantado. O transe que se vai entranhando lembra-nos a herança não só da grande canção francesa, mas também, graças a Teboul, de uma relação incandescente com a palavra num grupo de rock como a entenderam os Doors, Patti Smith ou Nick Cave com os Bad Seeds. Os textos queimam na língua de Teboul, a sua interpretação de uma chama teatral garante-nos que são, afinal, filhos do mesmo território hexagonal onde viveram George Brassens, Léo Ferré e o belga Jacques Brel.
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