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Selecção chega a Lisboa com medalhados a pensarem nos Jogos

Comitiva portuguesa regressa a casa com o sentimento de dever cumprido nos Europeus de pista de coberta.

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LUSA/Miguel A. Lopes
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A selecção portuguesa de atletismo chegou na noite de segunda-feira a Lisboa, vinda de Torun, Polónia, com três medalhas de ouro na bagagem e com o sonho de as repetir nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Pouco passava das 23h30 quando a comitiva lusa cruzou a porta da zona de chegadas do aeroporto de Lisboa. Fruto da pandemia, apenas alguns familiares estavam presentes, mas o brio e o orgulho pelos resultados na Polónia eram evidentes.

Figuras centrais, pelas medalhas de ouro conquistadas, Auriol Dongmo, lançadora do peso feminino, Patrícia Mamona, triplo salto feminino, e Pedro Pablo Pichardo, triplo salto masculino, eram a voz dos desejos de Portugal para o futuro próximo.

“Estou muito feliz. Foi a minha primeira representação pela selecção nacional. Estou muito feliz com esta medalha de ouro. Estou sem palavras. Gosto muito de ver que todos estão felizes com esta medalha. É muito bom”, afirmou, aos jornalistas, Auriol Dongmo, que atribuiu a medalha ao filho e ao treinador.

Para Pedro Pablo Pichardo, que saltou 17,30 metros, foi “uma sensação muito boa”, apesar de no final ter mostrado algum descontentamento por não ter conseguido saltar mais longe: “Vencer é sempre muito positivo. Aconteceu o que estava à espera. Chegar lá e trazer a vitória para casa. Foi o que conseguimos fazer”.

“Quando fiz o primeiro salto ainda tinha um bocado de dúvidas, mas com o desenrolar da prova a confiança foi crescendo para trazer a vitória. No último salto estávamos à espera de fazer uma marca ainda melhor. Estive sempre à procura, mas não aconteceu, por isso fiquei um pouco chateado”, confessou o luso-cubano.

Mais emotiva, à semelhança do que aconteceu em Torun, Patrícia Mamona relembrou as dificuldades que sentiu nos últimos meses, nomeadamente por ter contraído covid-19, revelando mesmo que pensou em desistir da época de Inverno.

“Foi uma surpresa para mim e para os portugueses. Para mim foi uma lição de vida. Provei que ainda estava em forma, que tinha força e bati o recorde nacional. Foi uma competição muito renhida, muito competitiva, muito ao centímetro. Mas ganha quem salta mais e eu saltei mais [14,53 metros]. Estou muito contente por ter conseguido o recorde nacional e por ser novamente campeã da Europa, mas pela primeira vez de pista coberta”, realçou.

"Sair da zona de conforto"

Com os Jogos Olímpicos, que decorrem de 23 de Julho a 8 de Agosto, a aproximarem-se a passos largos, o desejo de repetir a façanha conquistada na Polónia é bastante forte.

“Na minha cabeça está sempre o melhor resultado, que é o ouro e é para isso que treino todos os dias. Em Maio e Junho irei participar em várias provas e aí o treinador vai planear a minha preparação para obter um bom resultado nos Jogos Olímpicos”, adiantou Pichardo.

Motivada por ter batido o recorde nacional, Patrícia Mamona revelou que o ouro da Polónia foi fruto de “muita fome de vencer, fome de conseguir mais e fome de superar”, motivo pelo qual vê agora Tóquio com outros olhos.

“Obviamente que quando se representa a selecção, qualquer medalha é importante. Tanto para mim como para o país. Consegui sair da minha zona de conforto e consegui provar que consigo ser muito melhor do que já sou. Foi esta confiança que apareceu em mim. Agora estou ainda mais confiante para a época que vem, a de Verão. Tenho a prova mais importante, que é a dos Jogos Olímpicos, estou ainda mais confiante”, garantiu.

Com o filho por perto, Auriol Dongmo, que em Torun conquistou o ouro com um lançamento de 19,34 metros, prepara-se agora para começar a trabalhar para os Jogos Olímpicos. Para a competição em Tóquio, deixa apenas uma promessa: “Vou dar o meu melhor e Deus vai fazer o resto”.