Pizarro ou Carneiro para o Porto? Costa pode ter de desempatar ou impor outro nome
Manuel Pizarro e José Luís Carneiro estão na corrida para a segunda autarquia do país. Concelhia não abdica de escolher o candidato. Sondagem também vai testar os nomes de Rosário Gamboa e Tiago Barbosa Ribeiro.
O secretário-geral do PS, António Costa, pode ser forçado a intervir na escolha do candidato do PS à Câmara do Porto. As estruturas locais do partido (concelhia e distrital) estarão alinhadas no apoio ao eurodeputado Manuel Pizarro, que desejará disputar a presidência do município portuense pela terceira vez, mas José Luís Carneiro, que se tem vindo a aproximar de Costa, está a posicionar-se para disputar a presidência da segunda autarquia do país e já informou o líder do partido.
Há muito tempo que José Luís Carneiro vinha manifestando vontade de ser candidato, mas perante as resistências do PS-Porto terá recuado. Porém, agora, decidiu que quer ser candidato.
Em relação ao Porto e a Lisboa, o secretário-geral do partido tem uma palavra a dizer sobre os candidatos, já que se trata de duas câmaras cujos resultados eleitorais têm leitura nacional. Lisboa tem a escolha resolvida, com Fernando Medina a concorrer mais uma vez, mas no Porto está aberto um conflito entre o líder da distrital e o secretário-geral adjunto.
No PS-Porto, há, porém, algumas resistências ao nome do ex-presidente da Câmara de Baião. Alegam que Carneiro “é pouco conhecido, nunca foi autarca no concelho e tem pouca relação com a cidade”. E perguntam: “Qual é a vantagem de candidatar uma pessoa que não tem notoriedade e que nunca foi candidata ao Porto?” Já em relação a Manuel Pizarro, que foi apoiante de António Costa no PS, consideram que o líder distrital, que já enfrentou Rui Moreira por duas vezes nas urnas, protagonizará uma “candidatura de resistência eleitoral”, no sentido de que segura o eleitorado socialista, além de ter notoriedade e de ser vereador na Câmara do Porto.
A disponibilidade de Carneiro levou Pizarro a abordar o secretário-geral sobre o assunto. Fonte socialista disse ao PÚBLICO que Costa terá “desaconselhado” a candidatura dos dois, dada a relação que têm um com o outro e não afasta um terceiro nome fora do aparelho do partido,
Esta sexta-feira, no final da visita às obras da nova ala pediátrica do S. João, no Porto, Pizarro garantiu que “não há bloqueio nenhum” na escolha do candidato socialista à Câmara do Porto e afastou angústias, apesar da tensão que está a marcar o processo eleitoral no concelho entre a ala mais à esquerda (protagonizada pelo líder federativo) e a ala mais conservadora do partido (José Luís Carneiro). “O PS não tem nenhuma angústia em relação à escolha do seu candidato para o Porto. O PS nunca desistiu do Porto e nunca deixou de apresentar uma candidatura que representa um projecto para a cidade que nós acreditamos ser o melhor para os portuenses”, defendeu o vereador socialista, em declarações ao PÚBLICO.
“As eleições autárquicas estão transformadas num trauma para o PSD, mas para o PS esse drama não existe, é um processo com o qual estamos a lidar tranquilamente”, declarou ainda, assumindo que a distrital só tomará uma decisão depois da concelhia. A concelhia já fez saber que não abdica de aprovar o candidato.
O processo eleitoral no Porto está, assim, num imbróglio e este impasse levou o partido a encomendar uma sondagem, que está a ser feita pela Domp (Desenvolvimento Organizacional Marketing e Publicidade, S. A.) do Porto. Há quatro nomes a ser testados: Manuel Pizarro, Tiago Barbosa Ribeiro (líder da concelhia), José Luís Carneiro e a deputada Maria Rosário Gamboa, coordenadora do grupo parlamentar socialista na Comissão de Cultura e Comunicação, e número dois da lista de deputados do PS no distrito, liderada pelo independente Alexandre Quintanilha.
Neste contexto, nenhuma decisão será tomada por parte dos órgãos locais do partido em relação ao candidato, antes dos resultados da sondagem que devem ser conhecidos esta semana. A sondagem foi encomendada pela distrital, mas com conhecimento do secretário-geral.
A dimensão da pandemia provocada pela covid-19 levou, em Novembro, o PS a adiar o anúncio do nome dos candidatos para Março. Na altura, Pizarro afirmou que não haveria condições para anunciar os candidatos autárquicos antes de Março. Esta sexta-feira, atirou a decisão para o mês de Abril. “Só vamos anunciar os candidatos quando houver condições para uma reunião presencial”, justificou o dirigente, sustentando que as “decisões sobre as autárquicas serão tomadas numa reunião presencial dos diferentes órgãos do partido (concelhia e distrital). Não posso ter a certeza de que possamos reunir os órgãos em Março”, acrescentou.