Claudina Rodrigues-Pousada (1941-2021), pioneira da biologia molecular em Portugal
Funeral da cientista portuguesa decorre esta segunda-feira, no Dia Internacional da Mulher, “uma efeméride de grande simbolismo para alguém que foi um exemplo para gerações de cientistas mulheres em Portugal e no estrangeiro”, destaca o instituto onde trabalhou Claudina Rodrigues-Pousada.
O funeral da cientista Claudina Rodrigues-Pousada, pioneira da biologia molecular em Portugal e que morreu na terça-feira, aos 79 anos, decorre nesta segunda-feira, 8 de Março.
O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa, adiantou em comunicado que o funeral, “apenas para familiares”, é no Dia Internacional da Mulher, “uma efeméride de grande simbolismo para alguém que foi um exemplo para gerações de cientistas mulheres em Portugal e no estrangeiro”.
“Claudina foi um exemplo para gerações de mulheres cientistas, em Portugal e no estrangeiro, pela sua incansável devoção à ciência. Foi também uma forte defensora de jovens cientistas a nível nacional e internacional, tendo apoiado muitos jovens colegas nas suas carreiras. A comunidade científica sentirá profundamente o seu desaparecimento”, sublinha-se no comunicado.
A investigadora, “que liderou a única equipa portuguesa a participar na Rede Europeia de Sequenciamento do Genoma da Levedura”, coordenava o laboratório de Genómica e Stress do ITQB, em Oeiras.
“Ao longo da sua carreira, orientou mais de 30 estudantes de doutoramento, deixando uma forte marca nas novas gerações de biólogos moleculares do país. Foi também uma grande entusiasta em motivar o público em geral para a relevância da investigação científica”, adianta a nota.
Segundo o director do ITQB, Cláudio Soares, citado no documento, a “longa carreira” da investigadora, “em diversas instituições, em Portugal e no estrangeiro, é o testemunho de uma vida rica dedicada à ciência e à formação de jovens”.
A investigadora nasceu em 1941 em Tadim, no distrito de Braga, licenciou-se em Farmácia pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (1968) e obteve o seu doutoramento em Bioquímica na Universidade de Paris VII, em França, com uma “Mention trés honorable”.
Já em Portugal, ingressou no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, onde se tornou chefe do Laboratório de Genética Molecular e, mais tarde, da Unidade de Engenharia Genética. Foi também professora catedrática no Instituto Abel Salazar, no Porto, durante quase 20 anos antes de ingressar no ITQB, em 2000.
Entre os vários prémios internacionais que a cientista recebeu ao longo da carreira, a nota destaca o Prémio de Membro Honorário vitalício pela Cell Stress Society International e o Diplôme d'Honneur FEBS da Federação Europeia das Sociedades de Bioquímica, a que presidiu em 2003-2004. Em Portugal, recebeu o Prémio de Excelência e o Prémio de Mérito Científico, atribuídos por dois ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: a ministra Graça Carvalho e ministro Manuel Heitor, respectivamente”.
Notas de pesar de Manuel Heitor e Marcelo Rebelo de Sousa
O ministro da Ciência lamentou, em comunicado, “profundamente” a morte da professora e investigadora Claudina Rodrigues-Pousada. “É com imenso pesar que se encara a perda de uma investigadora e docente que se destacou enquanto uma referência na investigação na área da genómica, nomeadamente no domínio sobre mecanismos celulares de regulação dos genes”, realçou Manuel Heitor.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da cientista Claudina Rodrigues-Pousada. “Apresento as minhas condolências à família, amigos e colegas da cientista Claudina Rodrigues-Pousada, pioneira da biologia molecular em Portugal”, lê-se numa mensagem publicada no site da Presidência da República.
O chefe de Estado destaca ainda que a investigadora recebeu várias distinções nacionais e internacionais, como a eleição para fellow da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS). “Deixa um forte legado de apoio a jovens cientistas a nível nacional e internacional”, refere a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.