Culturgest cria biblioteca online com programação passada e futura
Vários conteúdos dos 27 anos de história da instituição cultural lisboeta vão estar disponíveis no site oficial a partir desta sexta-feira.
A lisboeta Culturgest vai passar, a partir da próxima sexta-feira, a dispor de uma biblioteca multidisciplinar no seu site, com toda a nova programação online e conteúdos de memória dos últimos 27 anos, uma necessidade que surgiu no contexto da pandemia.
Trata-se de uma biblioteca virtual que agrega todas as áreas de programação que a Culturgest representa, enquanto centro cultural multidisciplinar: teatro, dança, artes visuais, música, conferências, participação e a colecção de obras de arte da Caixa Geral de Depósitos (CGD), explicou à Lusa a directora de comunicação da Culturgest.
O público passa a ter acesso a micro-sites temáticos, vídeos de conferências e espectáculos, áudios, fotografias e documentação que constituem a história visível do centro multidisciplinar.
“É um mergulho, uma viagem com um olhar sobre o passado e um olhar para o futuro das novas propostas”, disse a responsável de comunicação, Catarina Medina, contando que desde a pandemia começaram a ser trabalhados mais conteúdos próprios.
Foi nesse contexto que surgiu a possibilidade de criar micro-sites temáticos dedicados aos artistas e projectos, como parte de uma “estratégia maior: o “online” como braço estratégico da Culturgest”.
“Desde 2020 sem a possibilidade de estar presente no espaço público, foi reforçada a produção pela Culturgest de programação online e de conteúdos multimédia originais (vídeos, entrevistas, micro-sites), com uma abordagem editorial, procurando identificar ao longo dos meses as pontes possíveis entre a sociedade civil, a actualidade e todas as nossas áreas de programação”, especificou.
Simultaneamente, a equipa responsável por essa área iniciou um investimento na estrutura digital, de forma a dotar a Culturgest de novos recursos para garantir a continuidade desta estratégia e uma maior e melhor exposição dos seus conteúdos.
“É assim que surge a nova biblioteca media, no nosso site, o coração da estratégia digital da Culturgest, que passará tanto por novas propostas de programação online”, como pelo olhar para o património multidisciplinar dos últimos 27 anos”, acrescentou.
Esse trabalho de “olhar para o passado” está neste momento a ser desenvolvido pela equipa da Culturgest, que está a fazer um levantamento da programação que mais interessa colocar na biblioteca.
“Para já iremos disponibilizar grande parte dos conteúdos produzidos nos últimos três anos. O que queremos mostrar é a diversidade de propostas ao longo dos anos. A salvaguarda da memória é para nós fundamental”, frisou a responsável.
O arranque do projecto é marcado pela estreia da conversa entre o programador de artes visuais da Culturgest, Bruno Marchand, e o curador Óscar Faria, no âmbito do lançamento do catálogo sobre a exposição Lendo Resolve-se: Álvaro Lapa e a Literatura (que fica disponível online de imediato).
Entre os conteúdos que ficam disponíveis a partir de sexta-feira contam-se a peça de teatro As Virgens Suicidas, de John Romão, o espectáculo A Love Supreme, de Ricardo Toscano a partir de John Coltrane, uma conferência de Steve Paxton, a conversa sobre “O Direito à Tristeza”, realizada durante o primeiro confinamento, a conversa e a apresentação do projecto P.E.D.R.A., bem como algumas gravações históricas, de que é exemplo a conferência “Não te Esqueças de Viver!”, de Maria Filomena Molder.
Em breve será também disponibilizado o documentário Jorge Martins - Quadros Inacabados, de Sérgio Tréfaut.
Relativamente aos micro-sites que vão estar disponíveis, e que permitirão ao “público mergulhar e descobrir os universos dos artistas e suas obras”, Catarina Medina destaca Um amor supremo (dedicado à peça de dança A Love Supreme e ao concerto de Ricardo Toscano apresentadas em Dezembro de 2020), Caça às novas bruxas (dedicado à conferência de Silvia Federici apresentada online em Outubro), A Exposição Invisível e a exposição A Natureza detesta linhas rectas, de Gabriela Albergaria, que ainda vai regressar à Culturgest assim que puder reabrir portas.
Segundo o director artístico e administrador da Culturgest, Mark Deputter, a estratégia digital traça “uma história muito rica a redescobrir, que ilustra a evolução da criação artística e do debate em torno das artes e das humanidades”.
A partir das propostas de programação lançadas, em cada ano, são criados objectos visuais, auditivos e documentais que abrem a oportunidade para outras leituras dos artistas, dos espectáculos, das exposições e das conferências que passam pelas salas do espaço cultural.