Detidas 14 pessoas em novos protestos violentos em Barcelona

Desde que o rapper Pablo Hasél foi detido já houve nove manifestações a pedir a sua libertação na Catalunha.

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O incêndio de uma carrinha da polícia foi o momento de maior tensão nas manifestações de sábado à noite em Barcelona ALBERT GEA / Reuters

Pelo menos 14 pessoas foram detidas no sábado em Barcelona durante mais uma jornada de manifestações motivada pela prisão do rapper Pablo Hasél, acusado de ofender a coroa e defender o terrorismo.

O protesto de sábado reuniu quatro mil pessoas, de acordo com a Guarda Urbana, que se começaram por concentrar de forma pacífica ao fim do dia na Praça Universitat. Como noutras ocasiões, o ambiente foi ficando mais tenso e os manifestantes foram envolvendo-se em confrontos com a polícia.

O incidente mais grave foi o incêndio de uma carrinha da Guarda Urbana, no interior da qual se encontrava o condutor, que acabou por sair ileso. Foi detida pelo menos uma pessoa relacionada com este episódio.

Desde que Hasél foi detido, a 16 de Fevereiro, esta foi a nona manifestação na Catalunha convocada para protestar contra o que muitos vêem como uma acusação injusta e pela defesa da liberdade de expressão. Entre os manifestantes ouvem-se igualmente slogans anticapitalistas e antimonárquicos.

Hasél foi condenado a mais de dois anos de prisão, por “enaltecimento de terrorismo” e “injúrias à Coroa e às instituições do Estado” por causa das letras das suas músicas e do conteúdo das suas mensagens partilhadas nas redes sociais.

A sua tentativa de resistência à prisão, depois de se barricar na Universidade de Lérida, forçando uma intervenção da polícia, chamou a atenção do país para o caso. O próprio chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, reconheceu que o Estado tem de melhorar a protecção da liberdade de expressão, embora não se tenha referido directamente ao caso de Hasél. O Governo está a ponderar rever o enquadramento legal dos crimes de injúria contra a coroa.

Os responsáveis políticos catalães voltaram a condenar os actos de vandalismo e violência por parte dos participantes nos protestos. A presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, disse que o “direito ao protesto é totalmente legítimo”, mas “a violência e o vandalismo não”.

No mesmo tom, o vice-presidente do governo catalão, Pere Aragonès, afirmou que “o roubo ou a destruição de lojas, a queima de mobiliário [urbano] ou o ataque contra trabalhadores públicos não são nem liberdade de expressão nem de manifestação”.

As acções de protesto convocadas para outras cidades catalãs decorreram de forma pacífica, diz o jornal La Vanguardia, apesar de um grupo de manifestantes ter atirado pedras contra uma patrulha da Guarda Urbana em Lérida.

A persistência das manifestações na Catalunha está a causar mal-estar nas negociações para a formação do novo governo autonómico entre os partidos independentistas, que foram os mais votados nas eleições de 14 de Fevereiro.

Em causa estão as críticas do partido anti-capitalista Candidatura de Unidade Popular (CUP) à actuação dos Mossos d’Esquadra, que levou até a pedidos para a sua dissolução, diz o El País. O apoio dos deputados deste partido é instrumental para a formação do novo executivo regional.

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