Todos amam o Grande Irmão, ele está no meio de nós
Todos sabem do que falamos quando falamos do Big Brother, mesmo quem nunca leu 1984. Polimórfico, foi-se inscrevendo na cultura pop. Apropriado, citado, recontextualizado: de David Bowie à Apple, de Blade Runner a Matrix, de Ray Bradbury aos Radiohead. Todos amam o Grande Irmão.
Nos meses finais de 1949, depois de ter lido 1984, Aldous Huxley escreveu a George Orwell. Tinha bons motivos para o fazer. 17 anos antes, Huxley publicara Admirável Mundo Novo, tal como 1984 o romance de uma distopia assente num poder totalitário, aparentemente inamovível, que subjugava a humanidade aos seus desígnios, vedando aos cidadãos qualquer possibilidade de viverem em liberdade e de terem sequer consciência de que essa liberdade existe. Os livros diferiam, porém, na forma como o poder era exercido. Para Orwell, o poder total implicava uma opressão constante, sem ponto de fuga, indutora de submissão total. Para Huxley, o poder total exercia-se de forma mais insidiosa, levando os cidadãos, controlados narcoticamente e aliciados pela promoção estatal de hedonismo, a encontrarem prazer na sua própria submissão.
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