Distribuição de vacinas por países mais pobres começou pelo Gana

Chegaram 600 mil doses a Acra da Iniciativa COVAX, da ONU, que quer facilitar o acesso dos países com menos rendimentos à vacina contra a covid-19.

Foto
O avião com as primeiras doses da iniciativa COVAX chegou ao Gana FRANCIS KOKOROKO / Reuters

O Gana recebeu esta quarta-feira as primeiras doses da vacina contra a covid-19 ao abrigo da Iniciativa COVAX, apoiada pelas Nações Unidas, com o objectivo de distribuir a imunização pelos países mais pobres.

O primeiro carregamento de 600 mil doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford aterrou em Acra, numa altura em que aumentam as preocupações sobre a desigualdade no fornecimento. Esta semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tinha alertado para a acumulação de vacinas entre os países mais ricos.

“Dez países administraram mais de 75% de todas as vacinas contra a covid-19. Ao mesmo tempo, mais de 130 países não receberam uma única dose”, escreveu Guterres num artigo publicado pelo jornal The Guardian.

A COVAX tem a meta de distribuir dois mil milhões de doses da vacina contra a covid-19 até ao final do ano entre os países mais pobres, sem custos para os governos locais.

“Esta é uma ocasião histórica, uma vez que a chegada das vacinas contra a covid-19 ao Gana é decisiva para pôr fim à pandemia”, disseram a responsável da UNICEF no Gana, Anne-Claire Dufay, e o representante da Organização Mundial de Saúde no país, Francis Kasolo, num comunicado conjunto.

As primeiras doses da vacina no Gana destinam-se aos profissionais de saúde em contacto com pacientes infectados e a pessoas em risco, diz a Reuters. O país africano regista mais de 80.700 infecções e 580 mortes causadas pela covid-19.

Mesmo que os objectivos da COVAX sejam cumpridos, a imunidade de grupo entre as populações dos países mais pobres não será atingida, mantendo-se o risco de propagação descontrolada.

A COVAX foi lançada em Junho do ano passado como uma forma de impedir que os países com menos rendimentos fossem relegados para o fim da fila, numa altura em que os países mais ricos começavam a fazer as primeiras encomendas de vacinas.

Para além da iniciativa global apoiada pela ONU, a União Africana está a tentar apoiar a compra de doses com o objectivo de imunizar 60% da população do continente durante os próximos três anos. Na semana passada, foi garantida a compra de 270 milhões de doses das vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Johnson & Johnson.

A China e a Rússia também fizeram doações individuais das vacinas desenvolvidas pelos seus laboratórios.