Investigação ao ataque contra o Capitólio será prioridade de novo attorney general
Merrick Garland disse aos senadores que os EUA atravessam um momento perigoso no que respeita ao terrorismo doméstico.
A investigação ao ataque contra o Capitólio no início do ano será uma das prioridades do juiz Merrick Garland, escolhido pelo Presidente Joe Biden para novo attorney general, cargo equivalente a ministro da Justiça.
Em declarações na audiência de confirmação no Senado, Garland mostrou-se particularmente preocupado com a ameaça do terrorismo doméstico nos EUA, de que a invasão do Capitólio foi reflexo. O juiz, que chefiou a acusação do atentado de Oklahoma City em 1995, disse que os EUA atravessam hoje um “período mais perigoso” do que na altura.
Na manhã de 19 de Abril de 1995, dois militantes anti-governo fizeram explodir um camião num edifício federal em Oklahoma City, matando 168 pessoas e ferindo centenas. O atentado tornou-se num dos maiores exemplos do terrorismo interno norte-americano.
Para Garland, porém, a invasão ao Capitólio foi “o ataque mais hediondo aos processos democráticos” a que alguma vez assistiu. Aos senadores, o juiz prometeu conceder “todos os recursos necessários” aos procuradores que estão a investigar o caso, se vier a chefiar o Departamento de Justiça.
Confrontado com os episódios de violência policial contra afro-americanos – que lançaram um debate nacional sobre o racismo estrutural entre as forças de segurança –, Garland disse não apoiar as propostas que visam retirar financiamento federal à polícia. Porém, o juiz notou que “as comunidades de cor e outras minorias continuam a enfrentar discriminação na habitação, educação, emprego e no sistema de justiça criminal”. “Encaro as minhas responsabilidades em relação à divisão dos direitos civis no topo da lista das minhas maiores prioridades”, disse Garland.
Apesar de não se mostrar arrependido por ter pedido a pena de morte para Timothy McVeigh, um dos responsáveis pelo atentado de Oklahoma City, Garland referiu que a sua posição face às execuções evoluiu desde então, sobretudo por causa da forma como afecta desproporcionalmente a comunidade afro-americana e pela quantidade de condenações que acabam por ser revertidas por novas análises genéticas.
O mais provável, disse Garland, é um retorno à postura da Administração Obama, que impôs uma moratória às execuções federais.
Garland sublinhou ainda que vai prezar a sua independência face à Casa Branca. “Posso assegurar-vos que não me vejo como outra coisa que não o advogado do povo. Não sou o advogado do Presidente, sou o advogado dos Estados Unidos”, afirmou.