“Era interessante deixarem falar mais os jovens” empresários, diz presidente da ANJE

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários considera significativo ouvir os jovens no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência para se perceber o “que é importante para o futuro de Portugal”.

Foto
ANJE

O presidente da ANJE, Alexandre Meireles, defendeu, em entrevista à Lusa, que “era interessante deixarem falar mais os jovens” empresários, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sobre o que consideram “importante para o futuro de Portugal.”

O que acontecer “com o fundo de Resiliência e Recuperação terá mais impacto na nossa vida porque, em média, iremos andar aqui mais 30 anos a gerir empresas, enquanto muitas vezes falam empresários que têm todas as qualidades e falam bem, mas estão já numa fase que se calhar não é tão importante”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).

“Era interessante deixarem falar mais esses jovens [empresários] para percebermos quais são as ideias e o que é que nós achamos que é importante para o futuro de Portugal, diria que é uma oportunidade única para reestruturarmos, para repensarmos a economia portuguesa e o próximo futuro”, salientou Alexandre Meireles. “Gostava que nos ouvissem mais, sinceramente”, reiterou, salientando que os jovens empresários têm “mais coisas para dizer.”

O presidente da ANJE recordou que o primeiro-ministro foi à ANJE em Setembro, o que considerou ter sido “um motivo muito importante” e a associação agradeceu muito a sua presença. Sobre os apoios às empresas, comparativamente ao primeiro confinamento, o presidente da ANJE afirmou que agora há mais agilização, mas continua a haver problemas com as estruturas intermédias do Estado.

“O problema de base está lá, o problema de base das estruturas intermédias do Estado (...) e da falta de modernização, quer de recursos, quer de meios, continua lá e, portanto, mais uma vez quando pensarmos em renovações de fundo, essa é uma das áreas que é importantíssima renovar”, defendeu Alexandre Meireles.

Estrategicamente e em grandes opções, “o Governo tem decidido bem, depois o que acontece é que os apoios não chegam e os layoff atrasam e aí, as novas linhas e os novos modelos já estão fechados porque ou esgotaram a capacidade ou então porque a plataforma foi inundada de pedidos” e as estruturas intermédias “não têm capacidade”, disse, considerando tratar-se de uma questão “preocupante”.

A ANJE tem falado com essas estruturas intermédias que afirmam que em termos de recursos não têm capacidade. “Eu percebo esta questão, ninguém está preparado para de repente entrarem não sei quantas mil empresas em layoff e não sei quantas mil empresas se candidatarem. Não há Estado, não há máquina do Estado que possa estar preparada para isto, nós percebemos, agora acho que era possível fazer mais e melhor em relação à agilização”, prosseguiu o presidente da ANJE, que assumiu o mandato há um ano.

“E depois preocupa-nos sempre a questão futura do dinheiro da famosa bazuca”, disse, recordando a sugestão que fez da criação de uma secretaria de Estado para o efeito. Ou então a criação de uma “task-force para fazer a gestão de todos estes fundos porque há uma questão importantíssima”: este processo “tem que ser completamente transparente e, acima de tudo para a opinião pública”, defendeu. “É muito importante para a mensagem que o Governo vai dar” que o processo seja transparente, insistiu o presidente da associação.

Sobre o que espera nos próximos seis meses, Alexandre Meireles considerou que o “mais importante é resolver a questão da saúde pública”, sob pena de acontecer o mesmo que em 2020, quando “parecia que as coisas estavam minimamente resolvidas” e o resultado é de um novo confinamento agora. “Acho que o primeiro ponto, nos próximos seis meses, é que definitivamente se resolva este problema e que nós percebamos que haja um caminho, porque o mais importante neste momento é percebermos qual é o caminho e quando é que vamos conseguir caminhar”, disse.

Sobre os apoios, reiterou uma maior “velocidade na chegada” destes às empresas e também maior agilidade da parte da banca. “Vai haver novamente linhas, as linhas de crédito não são uma solução, mas são uma ajuda”, salientou.

“A principal coisa que eu peço, e que venho pedindo há muito tempo e que volto a reforçar, é a agilização dos processos: menos burocracia e façam chegar rápido o dinheiro que anunciaram às empresas”, defendeu Alexandre Meireles, salientando que conta que no segundo semestre a bazuca “comece a chegar.”

Este dinheiro “vai estar disponível para muitas empresas”, pelo que estas “que se candidatem rapidamente e que rapidamente sejam avaliadas as candidaturas”. Alertou que se houver uma crise financeira, as empresas que já estão debilitadas e que sobreviveram, “se não tiverem acesso a financiamento vai ser muito difícil.” Manifestou-se ainda preocupado com as moratórias, esperando que esta questão “seja adiada por mais algum tempo.”