Protocolo para redução de sal no pão significará consumo até menos meio grama diário
A meta significará uma redução de 29% no volume de sal presente no pão, o que se reflectirá numa redução de consumo de 0,51 gramas diários no caso dos homens e 0,32 gramas para as mulheres.
A redução do volume de sal no pão prevista para 2021, levará a que cada português coma entre 0,3 e 0,5 gramas de sal a menos por dia, segundo um estudo-piloto. A conclusão está no relatório final de um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que estima que a maior redução no consumo de sal se reflicta nos homens com idades entre 55 e 74 anos, sobretudo no Alentejo, que são quem mais pão consome.
Na base do estudo está a estratégia nacional para a promoção de alimentação saudável, que inclui um protocolo assinado em 2017 entre o INSA, a Direcção-Geral da Saúde e a indústria panificadora, que visa a redução voluntária da quantidade de sal no pão para o máximo de um grama em cada 100 até 2021.
O INSA recomenda que de protocolo voluntário se passe para “medidas legislativas efectivas” aplicadas a “todos os operadores no sector, especialmente para industriais da panificação e grandes retalhistas, incluindo de pão pré-embalado”.
Recomenda-se ainda “a extensão do mesmo tipo de regulação a outras categorias e produtos alimentares altamente consumidos pela população portuguesa, nomeadamente carne, sopas e outros produtos processados”, como batatas fritas, aperitivos, bolachas e cereais.
A ser atingida, a meta significará uma redução de 29% no volume de sal presente no pão, o que se reflectirá numa redução de consumo de 0,51 gramas diários no caso dos homens e 0,32 gramas para as mulheres.
Invocando outros estudos, o INSA assume que o efeito da redução do sal no pão na tensão arterial será “baixo para ter um impacto importante na diminuição do risco de doenças cardiovasculares”
No entanto, “não existindo limiares bem definidos por causa dos outros factores de risco”, qualquer redução trará algum benefício.
O INSA salienta que as evidências existentes apontam para que “reduções voluntárias” adoptadas pela indústria “não são suficientemente eficazes para reduzir de forma consistente o consumo de sal pela população”.
Medidas de redução obrigatórias geram ganhos 20 vezes maiores do que voluntárias, indica o instituto.
Em Portugal, um dos países europeus com mais mortes provocadas por acidentes vasculares cerebrais, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte.
Os portugueses consomem em média cerca de 7,3 gramas de sal por dia, acima do máximo de 05 gramas recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
“O pão e os seus derivados, por causa do seu consumo elevado, são dos alimentos que mais contribuem para o nível de sal consumido, o que pode levar a um aumento de situações de hipertensão e risco de doenças cardiovasculares”, afirma-se no estudo.