Desde os cinco anos que sou maluco por amendoins. Fazia às moedas que me davam o mesmo que se faz aos amendoins: torrava-as. Torrava-as numas maquinetas que havia nas estações de comboios. Tinham um aquário cheio de amendoins com pele grená - cor que combinava a matar com o vermelho-bombeiro da máquina - e, para extraí-los, enfiava-se uma moeda (de cinco tostões) na ranhura e era necessário torcer o mecanismo para caírem as desejadas pelo escorrega. Iam parar junto à tampa e, por isso, era preciso ter muito cuidado na recolha dos amendoins que, por vingança, ansiavam bombardear o chão ferroviário, juntando-se às beatas, aos bilhetes rasgados e à serradura, se é que havia serradura.
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