Criados dispositivos de captura de uma das maiores pragas do olival

Desenvolvidos pela Universidade de Évora, os três dispositivos destinam-se à captura em massa insectos voadores, em particular da mosca-da-azeitona, uma das mais pragas mais importantes do olival.

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Daniel Rocha

A Universidade de Évora desenvolveu três dispositivos para capturar em massa insectos voadores, em particular uma das mais importantes pragas do olival, a mosca-da-azeitona, que pode reduzir em mais de 90% a produção de azeitona para azeite.

Estes três sistemas, com “desenho inovador” e “um funcionamento autónomo e activo”, estão a aguardar “atribuição de patente europeia”, informou em comunicado a Universidade de Évora. 

A ideia para o desenvolvimento dos dispositivos surgiu de Fernando Rei, quando este investigador no MED - Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora abordou a forma de limitar a mosca-da-azeitona (Bactrocera oleae) através de metodologias de captura em massa, em alternativa à luta química.

“Os dispositivos propostos pelo investigador têm como objectivo capturar um elevado número de indivíduos da praga e reduzir significativamente a sua população e, consequentemente, o seu impacto nos olivais”, explica-se no comunicado.

A mosca-da-azeitona “é uma praga-chave do olival, que pode reduzir em mais de 90% a produção de azeitona para azeite”, segundo Fernando Rei, que é também professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade de Évora. E, na tentativa de limitar esses insectos, a utilização de insecticidas químicos tem sido uma constante, “com um impacto significativo no meio ambiente”, realçou.

A técnica mais difundida passa pela utilização de “armadilhas do tipo Olipe, ou seja, uma garrafa de plástico com capacidade de 1,5 litros, contendo no interior uma solução que emana compostos voláteis atractivos para os insectos adultos da praga, especialmente as fêmeas”, indicou o investigador. Colocadas em cada uma ou duas árvores, a sua utilização em olivais intensivos e superintensivos (com cerca de 2000 árvores por hectare) “acarreta um esforço logístico que inviabiliza a sua utilização prática”, acrescentou.

Dois dos modelos de estações de captura em massa desenvolvidos pelo investigador têm, entre outras características, as extremidades inferior e superior abertas, o que permite “a libertação fácil e eficiente dos voláteis atractivos, ao redor da armadilha, e assim “a fácil entrada dos insectos a capturar”.

“A retenção dos insectos no interior das estações de captura pode ser obtida por electrocussão (modelo denominado Eletrocutor) ou por placas cromotrópicas adesivas (modelo Adesivo)”, acrescenta-se. “O facto mais surpreendente é a diminuição do número de armadilhas necessárias por hectare, passando de 57 armadilhas do tipo Olipe” para “apenas 11 a 12” destas novas estações de captura, nota a universidade.

A terceira armadilha de captura em massa, modelo denominado Horizontal-tubular, tem uma “forma inovadora, um corpo externo tubular e um esqueleto em espiral ou linear”, fixa-se horizontalmente nos ramos periféricos da copa das árvores. Uma “solução atractiva volátil, adicionada com insecticida”, é colocada e depois “disseminada pelos orifícios da armadilha”, por onde entram os insectos atraídos, que são eliminados após a ingerirem, explica-se ainda.

Os três dispositivos nasceram no âmbito de um projecto vocacionado para a protecção do olival, da responsabilidade do Laboratório de Entomologia, com a colaboração dos laboratórios de Engenharia Rural e de Mecatrónica da Universidade de Évora, com apoios comunitários dos programas Alentejo 2020, Portugal 2020 e FEDER.