Operação de testagem maciça prepara-se para chegar ao terreno
Ministra da Saúde afirmou que nova estratégia requer um “trabalho de execução” que estará em curso até à próxima semana. No terreno procura-se articular a operacionalização de mais esta tarefa que se junta a outras.
A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu esta segunda-feira em conferência de imprensa que os novos rastreios regulares nas escolas com ensino secundário, lares, prisões e actividades com elevada exposição social, poderão ser realizados com recurso à subcontratação. A governante afirmou que a nova estratégia que entrou em vigor às 0h desta segunda-feira, requer um “trabalho de execução” que estará em curso até à próxima semana.
Questionada sobre quem irá realizar os novos rastreios com os testes rápidos de antigénio, Marta Temido explicou que tanto podem ser profissionais do Serviço Nacional de Saúde como de entidades subcontratadas. “Há duas vias de acção em cima da mesa, vamos optar pela que garantir a maior rentabilização possível dos profissionais de saúde”.
Em causa estão declarações ao Diário de Notícias do presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto, que dizia que se a tarefa for atribuída aos profissionais dos centros de saúde, estes terão uma capacidade “muito reduzida” de concretizarem a tarefa, pois os médicos de família já estão a acompanhar os doentes infectados e também integram equipas de vacinação. “Se tivermos mais esta tarefa faremos menos tarefas não covid”, alertava o médico. A ministra considerou o problema “muito pertinente” e garantiu que essa preocupação será acautelada.
Mas não é só nos centros de saúde que o desafio se coloca. Na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), por exemplo, está a fazer-se “o planeamento estratégico” para operacionalizar a nova estratégia de testagem. “É bom que se teste agora, que estamos confinados, para poder tomar medidas sobre como se vai fazer o desconfinamento. Vamos ver como teremos capacidade para isso. Vamos ter de ter capacidade para o fazer. Não é só fazer os testes. Tem de se fazer a introdução [dos resultados] no sistema informático, tem de se notificar, é todo esse trabalho e em paralelo há a vacinação”, diz ao PÚBLICO o delegado regional de saúde pública da ARSLVT, António Carlos da Silva.
A média diária da última semana de novos inquéritos estava nos 2000, mas há ainda mais de mil que estão em atraso e que têm de ser feitos em simultâneo. Quanto a rastreadores, refere que cada unidade de saúde pública tem as suas equipas, além da equipa regional que está na ARS que “conta com mais de 100 pessoas e dos mais de 200 militares” e elementos das autarquias que também estão a ajudar na tarefa. “Neste momento, em princípio vai ser suficiente. Vamos ver como fazer com os testes. Podemos ter de tirar pessoas dos inquéritos ou da vacinação para fazer essa actividade”, admite. Mas refere que vão ter se de usar várias estratégias, como a formação de mais profissionais nos centros de saúde, além dos protocolos que já têm com a Cruz Vermelha e com o Instituto de Medicina Molecular.
Também a ARS Centro respondeu ao PÚBLICO. Diz ter neste momento “cerca de 380 rastreadores”, entre profissionais das unidades de saúde pública e profissionais de outras áreas. No pico da pandemia, verificada nas últimas semanas, “foram realizados em média entre os 700 e 1200 inquéritos por dia de forma a rastrear os 65.270 mil casos identificados de 1 de Janeiro a 15 de Fevereiro” e nesta altura “o número de inquéritos em atraso é de cerca de meia centena, sendo que a maioria deles não ultrapassa as 24 horas”.
Sobre o rastreio a realizar nos cuidados de saúde primários, aproveitando a ida de utentes para perguntar se querem fazer o teste, explica que serão realizados “pelas equipas de colheita dos centros de saúde que já realizam esse trabalho nos ADR-C [Áreas Dedicadas para Doentes Respiratório] e em Drive Thru nos diversos concelhos dos Aces [Agrupamentos de Centros de Saúde]”. “Neste momento, está a ser utilizada cerca de 50% da capacidade de testagem instalada, pelo que haverá margem para acolher o aumento da procura”, assegura.