Mais uma viagem, mais um empate. Benfica volta a falhar na Liga

Com mais este tropeção, a equipa lisboeta não capitaliza o empate do FC Porto e pode acabar a jornada a 13 pontos do Sporting.

Darwin e Ferraresi em duelo no Minho
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Darwin e Ferraresi em duelo no Minho LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO
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Jorge Jesus disse que o Benfica já está a entrar no ritmo certo, depois do surto de covid-19 que assolou o plantel “encarnado”, mas, até ver, essa análise para ser demasiado optimista. Neste domingo, o Benfica empatou (1-1) frente ao Moreirense, no Minho, em jogo da ronda 19 da I Liga (golos de Seferovic e Yan Matheus). Mais do que a perda de pontos, já de si problemática, a exibição, apesar de suficiente para poder vencer o jogo, esteve também longe de convencer.

E este foi o quarto jogo consecutivo em que o Benfica não vence quando tem de jogar longe do Estádio da Luz (empates frente a Santa Clara e FC Porto e derrota com o Sporting).

Com mais este tropeção na Liga, a equipa lisboeta não capitaliza o empate do FC Porto frente ao Boavista e, mesmo estando já a ver o título nacional “por um canudo”, desperdiça a possibilidade de pressionar um pouco mais o Sporting, que só defronta o Paços de Ferreira nesta segunda-feira. Os “encarnados” estão, neste momento, a dez pontos da liderança “leonina”, mas podem acabar a jornada a 13 pontos do rival.

Mentalmente, este revés pode ser um golpe duro numa equipa que tentava a retoma exibicional e que terá de atacar, nas próximas semanas, a diferença entre uma época de danos minimizados (com passagem à final da Taça de Portugal e percurso duradouro na Liga Europa) ou uma temporada de descalabro total (com eliminações frente a Estoril e Arsenal e confirmação de campeonato perdido).

Rafa e Taarabt muito em jogo

No Minho, o Moreirense surgiu no sistema de três centrais implementado por Vasco Seabra nos últimos três jogos, enquanto o Benfica, que também tem ensaiado essa via, continua mais resistente a aplicá-la na Liga.

No habitual 4x4x2, os “encarnados” surgiram com dois avançados puros na frente, Darwin e Seferovic, e a opção pareceu algo desconexa da escolha dos alas – Everton e Rafa. Com o português sempre em movimentos interiores, pela direita, e o brasileiro, pela esquerda, sempre à procura do pé direito para combinar por dentro, as dificuldades técnicas de Darwin e Seferovic hipotecaram várias jogadas.

A dupla de avançados parece fazer mais sentido quando os alas do Benfica não jogam com “pé trocado” – como aconteceu com Everton à direita e Cervi à esquerda – e apostam em alguns cruzamentos (que até teriam lógica frente ao Moreirense, a segunda equipa da Liga mais frágil no jogo aéreo).

Com muitas jogadas estragadas pela falta de “perfume” técnico dos avançados, a equipa lisboeta acabou por praticamente só conseguir jogar quando a “sociedade” Taarabt e Rafa funcionou entre linhas – bem o marroquino e muito activo o português na primeira parte.

Rafa, muitas vezes de frente para o jogo, acabou mesmo por ter incursões deste tipo aos 13’ e, sobretudo, aos 21’ e 22’, minutos consecutivos em que, isolado por Otamendi e Everton, nunca conseguiu finalizar a preceito.

Pouco depois, aos 25’, Taarabt mostrou o que pode dar a esta equipa quando está bem. Recebeu na zona central, rodou com qualidade (apesar de pressionado) e isolou Seferovic, que se desmarcou na meia-esquerda e rematou cruzado para golo.

Curiosa, ou talvez não, a forma como o suíço fez golo na primeira vez em que apareceu no corredor esquerdo – permuta rara nos avançados do Benfica, que tantas vezes obriga Darwin, sempre na esquerda, a perder lances por falta de qualidade no pé canhoto. Darwin teve um remate perigoso aos 28’, mas o jogo do Benfica era mais de repelões individuais do que de sufoco permanente.

Quase sempre em processo defensivo e incapaz de criar jogadas de perigo, o Moreirense, até então inofensivo, acabou por chegar ao empate num penálti. Walterson encarou Grimaldo, aos 38’, e o espanhol, com os apoios mal colocados, foi ultrapassado e cometeu um penálti que Yan Matheus converteu para o meio da baliza de Helton Leite (chamado por Jesus para o lugar habitualmente entregue a Vlachodimos).

Ao intervalo, o resultado não espelhava de forma cabal o que se passava em campo, mas o Benfica, apesar de mais forte, não poderia dizer que estava a ser competente no seu jogo ofensivo (a inibição dos dois laterais não ajudou).

Boa entrada do Benfica, mas apenas isso

Na segunda parte o Benfica apareceu claramente mais intenso e subido no terreno, encostando o Moreirense à própria área. Mesmo sem ser muito capaz de criar perigo, teve presença e volume ofensivos suficientes para, inevitavelmente, ter situações de remate, sobretudo de fora da área – Rafa aos 51’ e Diogo Gonçalves (mais em jogo na segunda parte) aos 62’.

E foi também aos 62’ que Weigl caiu na área do Moreirense e o árbitro apitou para penálti. Por sugestão do VAR, Manuel Oliveira foi rever o lance e reverteu a decisão: não houve penálti, mas sim cartão amarelo para o médio alemão, por simulação.

Depois de uma primeira parte de bom nível – tal como já tinha feito frente ao V. Guimarães, na jornada anterior –, Taarabt baixou o nível (algo recorrente) e o Benfica ressentiu-se. Menos criatividade, menos soluções e desaparecimento do jogador que é, por estes dias, a par de Rafa, o mais capaz de ver o que outros não vêem. E a passagem do marroquino para a posição 6, com a saída de Weigl, também não ajudou a equipa.

Esta fase do jogo reduziu a pressão “encarnada” e promoveu cerca de 15 minutos de futebol quase nulo no Minho. E o Moreirense, já com Rafael Martins em campo, conseguiu várias vezes, por acção do brasileiro, ganhar faltas e “congelar” o jogo.

Só aos 79’ voltou a haver animação, com Waldschmidt a tirar um bom cruzamento para cabeceamento de Darwin. Valeu Pasinato ao Moreirense. E foi só. Boa entrada do Benfica na segunda parte, mas a equipa “morreu” fisicamente e pouco fez para vencer após o intervalo. E poderia mesmo ter perdido o jogo, não fosse a falta de engenho minhota em três lances perto do final da partida.

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