Como temos visto, os modelos matemáticos para prever a progressão futura da pandemia são belos instrumentos que falham tantas vezes com estrépito porque ainda existe o incalculável e não é possível evitar a sua emergência. É o incalculável que faz com que a estatística não se tenha tornado completamente a arte de governar. A favor do cálculo e do calculável, há hoje números para tudo e são eles que guiam os actos administrativos da governação. Neste tempo de ruína da política, o que fica fora da racionalidade numérica é da ordem do ingovernável. Freud colocou o governar entre as três “profissões” impossíveis. As outras duas eram o educar e o psicanalisar. Todas elas são artes cibernéticas, no sentido em que podem ser definidas através da metáfora da pilotagem de um navio. A “ciência” a que Norbert Wiener chamou “cibernética”, refere-se ao pilotar, ao dirigir.
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