Google vai pagar por algumas notícias no Reino Unido, mas proposta da Austrália passa “linha vermelha”

A Google vai começar a pagar por algumas notícias no Reino Unido como parte do projecto Google News Showcase de que a Austrália já faz parte. Porém, a empresa diz que não vai “pagar por hiperligações e excertos” como a Austrália quer.

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Reuters/THOMAS PETER

A partir desta semana, a Google vai começar a pagar a algumas empresas de comunicação social no Reino Unido para utilizar os seus artigos numa nova plataforma de notícias da gigante tecnológica — a Google News Showcase. O acordo inclui peças de 120 jornais britânicos, incluindo o Telegraph e o Financial Times, e faz parte dos esforços da empresa para mostrar que apoia a indústria dos media

A entrada do Reino Unido na plataforma, que foi lançada em Outubro, chega numa altura em que a União Europeia e a Austrália estão a avaliar a possibilidade de exigir que o motor de busca da Google pague pelos excertos (títulos e primeiras frases) das notícias que mostra. 

Contactada pelo PÚBLICO, a equipa do Google sublinha, no entanto, que aquilo que a empresa faz com a Google News Showcase é muito diferente do que aquilo que países como a Austrália pedem. 

O país, que também faz parte da plataforma Google News Showcase, está a tentar definir um código para obrigar a Google e o Facebook a pagar às organizações de comunicação social pelos excertos das notícias que apresentam. Isto inclui, por exemplo, as primeiras frases de uma notícia que se podem ler do motor de busca da Google ou no feed de notícias do Facebook.

“O que o código na Austrália pede é para pagar por todas as hiperligações e excertos. Isso é uma linha vermelha”, explica um porta-voz da Google, por email. “Isso iria criar um precedente prejudicial e daria privilégios para um grupo de conteúdo — de sites de notícias acima de outros sites.”

A Google já ameaçou retirar o seu motor de busca do país se a legislação australiana avançar. Para a tecnológica, a News Showcase é uma alternativa mais sustentável. Ao todo, a plataforma de notícias já inclui 450 publicações online da Alemanha, Austrália, Argentina, Canadá, França e Reino Unido e compreende um investimento de mil milhões de dólares (824 milhões de euros) nos próximos três anos. 

Em Janeiro, Mel Silva, responsável pelas operações da Google na Austrália, descreveu a plataforma como a prova de que há uma forma “exequível” de “apoiar o jornalismo australiano sem estragar o motor de busca [da Google]”. ​

Uma das vantagens da nova plataforma para os utilizadores da Google é passarem a ter acesso a alguns artigos pagos de jornais por subscrição, como o Telegraph, e terem acesso a conteúdo adaptado aos seus interesses.

Nos últimos anos, porém, vários investigadores têm alertado para os perigos de algoritmos que recomendam conteúdo. Um dos problemas é a criação “bolhas intelectuais” (fliter bubles, no inglês) que levam alguém a ler apenas aquilo que gosta e limitam o acesso a opiniões distintas.

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