Projecto europeu quer dar um RESET às desigualdades de género na Ciência

Projecto RESET, da Comissão Europeia, tem como mote a promoção da igualdade de género nos meios científicos. Universidade do Porto é uma das sete universidades europeias que o integram.

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O RESET é um projecto que pretende impulsionar a participação das mulheres na Ciência, nos diferentes cargos incluindo os de chefia. Goncalo Dias

Como a disparidade salarial média das mulheres em relação aos homens nos meios científicos e de investigação é ainda de 17%, a Comissão Europeia (CE) está a promover o projecto RESET Redesigning Equality and Scientific Excellence Together. Um dos motes da iniciativa é o de alcançar a igualdade de género na Ciência. A Universidade do Porto é uma das sete instituições europeias que o integram.

O objectivo é simples: identificar e desbloquear os obstáculos sistémicos e culturais à plena participação das mulheres nos meios científicos e da investigação. Embora os progressos em matéria de igualdade entre homens e mulheres tenham sido significativos ao longo das últimas décadas, continuam, contudo, a existir desigualdades “preocupantes”, diz a representante da CE em Portugal, Sofia Colares Alves. “Por exemplo, no mercado de trabalho, as mulheres continuam a estar muito mais presentes nos sectores com salários mais baixos e sub-representadas nos cargos de chefia”, acrescenta a mesma fonte.

Segundo os dados recolhidos pela CE, além da disparidade salarial média ser ainda visível, apenas 24% das mulheres ocupam cargos académicos de topo. Além disso, no total de empresários da União Europeia (UE), só cerca de um terço é que são mulheres, sendo que o sexo feminino se faz representar em menos de 10% dos titulares de patentes. 

Potencial das mulheres está “extremamente” subexplorado

Os mesmos registos indicam ainda que, embora haja mais mulheres do que homens na Europa, apenas 16% das start-ups europeias são fundadas por mulheres. “Consequentemente, a criatividade e o potencial empreendedor das mulheres estão extremamente subexplorados”, assinala a representante da CE em Portugal.

Nesse sentido, o RESET pretende alavancar a construção de uma comunidade “na qual homens e mulheres, rapazes e raparigas, em toda a sua diversidade, sejam livres de seguir o caminho que escolherem na vida, tenham as mesmas oportunidades de realização pessoal e possam participar na sociedade europeia e liderá-la em pé de igualdade”, descreve ainda Sofia Colares Alves.

Com a participação de sete universidades europeias, a iniciativa vai transformar as instituições parceiras em laboratórios vivos para a implementação de planos de igualdade de género, que serão desenhados por todas as partes interessadas nos ecossistemas locais e nacionais. Podem, por isso, participar organismos de investigação, instituições de ensino superior, municípios, indústria, organizações não-governamentais e iniciativas de cidadãos. 

Além da Universidade do Porto, o RESET conta ainda com a participação das universidades de Bordéus (França), Łódź (Polónia), Oulu (Finlândia), da Aristotle University of Thessaloniki (Grécia), da Ruhr-University Bochum (Alemanha) e da Sciences Po Paris (França). Lançado no início deste ano, o projecto é financiado pelo programa Horizonte 2020 da CE, com um orçamento global de três milhões de euros, e inclui-se na Estratégia da União Europeia para a Igualdade de Género 2020-2025. 

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