A Berlinale virtual brilhará com Hong Sangsoo, Céline Sciamma, Tina Turner e Jodie Foster
A 71.ª edição do festival, cuja primeira tranche decorrerá online de 1 a 5 de Março, conta com uma competição reduzida mas cheia de nomes conhecidos.
Os novos filmes do incontornável cineasta coreano Hong Sangsoo (Introduction) e da autora de Retrato da Rapariga em Chamas, a francesa Céline Sciamma (Petite Maman) vão ser os “pontas-de-lança” da competição oficial do Festival de Berlim neste peculiar ano de 2021. O anúncio foi feito esta manhã pelos directores do certame, Mariette Rissenbeek e Carlo Chatrian, que apresentaram igualmente os títulos seleccionados para a secção de antestreias Berlinale Special – onde serão exibidos, entre outros filmes, O Mauritano, do escocês Kevin Macdonald, com Jodie Foster e Tahar Rahim, o biopic de Tina Turner, Tina, e o novo documentário de Pietro Marcello, Per Lucio.
A decorrer em dois tempos – o festival terá uma primeira tranche online de 1 a 5 de Março e depois uma edição presencial de 9 a 20 de Junho –, a 71.ª Berlinale teve de se reinventar perante o abrandamento da produção e as restrições impostas pela pandemia de covid-19, apresentando este ano um número menor de filmes em cada secção. Mesmo assim, haverá 15 estreias mundiais em competição, numa selecção que conta com nomes como os do romeno Radu Jude (que ali mostrará Bad Luck Banging or Loony Porn), do francês Xavier Beauvois (Albatros, com Jérémie Renier) ou do japonês Ryusuke Hamaguchi (que levará à Berlinale em primeira mão Wheel of Fortune and Fantasy).
Mas comparecerão também nesta edição em formato híbrido outras apostas de sempre do festival berlinense, casos do húngaro Bence Fliegauf (Prémio Especial do Júri em 2012 com Apenas o Vento, mostra este ano Forest – I See You Everywhere) ou o mexicano Alonso Ruizpalacios (Urso de Melhor Argumento em 2018 por Museu, apresenta desta vez Una Película de Policias). Também Hong Sangsoo é visita habitual, tendo ganho em 2020 o prémio de melhor realização por A Mulher que Fugiu.
A prata da casa e do mundo
Com a produção cinematográfica muito condicionada pelas restrições sanitárias em vigor à escala global, a “prata da casa” merece especial atenção nesta Berlinale, com quatro produções alemãs entre os 15 títulos a concurso: Next Door, estreia na realização do actor Daniel Brühl; Fabian – Going to the Dogs, de Dominik Graf; o documentário Mr Bachmann and His Class, de Maria Speth; e I’m Your Man, de Maria Schrader. A competição completa-se com Ballad of a White Cow, dos iranianos Behtash Sanaeeha e Maryam Oghaddam, Memory Box, da dupla libanesa Joana Hadjithomas e Khalil Joreige, What Do We See When We Look at the Sky?, do georgiano Alexandre Koberidze, e Natural Light, do húngaro Dénes Nagy. De salientar a relativa ausência de primeiras obras, compensada pela forte aposta em jovens realizadores nas competições paralelas.
Na Berlinale Special, com 11 títulos, para além de O Mauritano, baseado no caso verídico de um prisioneiro de Guantánamo e realizado pelo autor de O Último Rei da Escócia, destacam-se ainda French Exit, de Azazel Jacobs, com Michelle Pfeiffer num papel que tem sido muito aclamado pela crítica americana.
A estas secções deve-se ainda juntar a nova competição Encounters, inaugurada em 2020, que neste segundo ano apresenta 12 estreias mundiais, entre as quais Hygiène Sociale, do canadiano Denis Côté, o filme de vampiros marxistas Bloodsuckers, do alemão Julian Radlmaier, e The Scary of Sixty-First, em que Dasha Nekrasova constrói um filme de terror à volta do apartamento de Jeffrey Epstein, o magnata da finança acusado de abuso sexual.
A presença portuguesa na 71.ª edição da Berlinale compõe-se de Diogo Costa Amarante (Luz de Presença, a concurso na secção de curtas Berlinale Shorts), Susana Nobre (No Táxi de Jack, seleccionada para a paralela Fórum), Welket Bungué (Mudança, que será exibida no Fórum Expanded) e Ana Vaz (13 Ways of Looking at a Blackbird, também no Fórum Expanded).