Absentismo e nível de salário vão ditar despedimentos na TAP

Acordos de emergência poupam mais de mil postos de trabalho, que ficam de novo em risco se forem chumbados pelos associados dos sindicatos.

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TAP quer cortar nos custos com trabalhadores Rui Gaudencio

Os acordos de emergência realizados entre a TAP e os sindicatos, de acordo com fonte ligada às negociações, permitem poupar 1200 postos de trabalho, por via de maior redução dos salários. Só entre tripulantes de cabine e trabalhadores de terra ligados à manutenção são 704, conforme noticiou o PÚBLICO.

Mesmo assim, a transportadora aérea identifica 800 postos de trabalho ainda “em excesso”, e esse número pode subir de novo para perto de 2000, caso os acordos de emergência sejam chumbados pelos trabalhadores. Aqui, o destaque vai para os acordos com os representantes sindicais dos tripulantes e dos pilotos, que faltam ainda ser ratificados pelos seus associados.

No caso dos trabalhadores de terra ligados ao SITEMA, estes já votaram favoravelmente o acordo no domingo, protegendo, diz este sindicato ligado à área da manutenção, 174 empregos (124 por via da redução salarial e 50 via reformas antecipadas e transferências para a Portugália).

Caso os acordos de emergência não passem, haverá a aplicação imediata do regime sucedâneo, e lugar a mais despedimentos, em paralelo com o pacote de medidas de adesão voluntária (com acesso a reformas e rescisões amigáveis), que ajudarão a diminuir as saídas involuntárias, tidas até agora como parte inevitável do processo.

Tem havido pouca informação sobre os critérios que irão ditar os despedimentos que possam vir a ocorrer, mas, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, há quatro grandes indicadores, dos quais dois são negativos para a avaliação: o absentismo (ligado à falta de produtividade) e o custo para a empresa (cuja análise incide sobre o salário fixo).

Ou seja, trabalhadores com salários mais altos, e mais ausências, estão mais em risco. Mas, por outro lado, habilitações mais elevadas (de carácter técnico ou literário) e experiência (vista em termos de antiguidade) são os factores que beneficiam o trabalhador em termos da manutenção do emprego.

Quem ficar na empresa, no caso de não ser votado favoravelmente o acordo de emergência, terá de lidar com a aplicação de um acordo sucedâneo ligado ao plano de reestruturação entregue em Bruxelas. Assim, por exemplo, o corte de 25% durante o período do plano será a partir dos 900 euros, e não dos 1330 euros agora negociados.

Por outro lado, segundo as informações recolhidas pelo PÚBLICO, haverá a suspensão quase integral dos acordos de empresa, passando a aplicar-se a lei geral do trabalho e as regras internacionais do sector da aviação enquanto durar o plano de apoio à empresa.

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