Julgamento de Trump começa com seis republicanos ao lado do Partido Democrata
No primeiro dia do julgamento, os senadores discutiram a questão constitucional sobre se o Senado pode julgar um ex-presidente. No final, o apoio no Partido Republicano à realização do julgamento por “incitamento a uma insurreição” foi maior do que se esperava.
Seis senadores do Partido Republicano dos EUA juntaram-se ao Partido Democrata, na noite desta terça-feira, para aprovarem a realização do julgamento do ex-presidente Donald Trump por “incitamento a uma insurreição”.
Na prática, o julgamento começou ao início da tarde desta terça-feira com os resumos dos argumentos da defesa e da acusação. E a votação final – sobre a condenação, ou não, de Trump – pode ter lugar já no próximo fim-de-semana.
Mas o Partido Republicano propôs que o Senado discutisse durante quatro horas, logo no arranque da sessão inicial, uma questão constitucional: se o objectivo do processo de destituição é afastar um Presidente da Casa Branca, como pode o Senado julgar um ex-presidente?
No final, 56 senadores responderam “sim” – o Senado pode julgar um ex-presidente – e 46 responderam “não”, com seis republicanos a juntarem-se aos 50 democratas.
Do grupo de republicanos que furaram a disciplina partidária, apenas um foi uma total surpresa – Bill Cassidy, do Louisiana.
Os outros cinco são Mitt Romney (Utah), Lisa Murkowski (Alaska), Susan Collins (Maine), Ben Sasse (Nebraska) e Pat Toomey (Pensilvânia).
Todos eles já tinham mostrado abertura à realização do julgamento de Trump, e é cada vez mais provável que votem a favor da condenação do ex-presidente dos EUA.
Criar emoção
A questão da constitucionalidade do julgamento de um ex-presidente já tinha sido decidida antes do início do debate, depois de semanas em que os argumentos dos dois lados foram discutidos na praça pública.
De acordo com a maioria dos especialistas – incluindo figuras de destaque nos meios conservadores –, a Constituição dos EUA permite o julgamento de um ex-presidente porque o castigo não se limita à destituição.
No caso do primeiro julgamento de Trump, em Fevereiro de 2020, se o Senado tivesse reunido os 67 votos necessários para uma condenação, o Presidente dos EUA perderia o cargo no mesmo instante.
Se, depois disso, o Senado quisesse também proibir uma nova candidatura de Trump à Casa Branca, estaria já a decidir sobre o futuro de um ex-presidente.
Votação no domingo?
De acordo com as regras do julgamento, os advogados de defesa e a equipa de acusação têm até sábado para apresentarem os seus argumentos. É provável que a votação final aconteça ainda no fim-de-semana.
Trump foi acusado de “incitamento à insurreição” pelo seu papel nos acontecimentos que levaram os seus apoiantes a invadirem o Capitólio no dia 6 de Janeiro.
Com o que se sabe das posições públicas de cada senador, é quase certo que Trump vai escapar a uma condenação, tal como no ano passado.
Mas, desta vez, é provável que pelo menos cinco republicanos se juntem aos 50 democratas na condenação do ex-presidente, o que ainda assim não fará de Trump o primeiro Presidente dos EUA a ser condenado num processo de destituição.