Open da Austrália: Alcaraz é um nome para fixar

Problemas físicos afectaram muitos dos tenistas que estiveram em quarentena rigorosa.

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Carlos Alcaraz em acção no Open da Austrália LUSA/JASON O'BRIEN

Carlos Alcaraz foi um dos poucos que avaliou 2020 como um ano positivo. Mas os progressos do espanhol de 17 anos foram surpreendentes e elevaram-no da condição de promessa a uma certeza no circuito profissional, confirmada pelo 136.º lugar do ranking com que terminou a época passada; o mais novo do top 600. Em Melbourne, Alcaraz tornou-se no primeiro tenista nascido em 2003 e no mais jovem desde 2014 a vencer um encontro em torneios do Grand Slam.

“Dei um grande salto e passei de torneios locais para o meu primeiro Grand Slam. Fantástico”, afirmou Alcaraz ao canal Eurosport, antes da estreia na prova. O tenista que evolui na Academia Equelite, dirigida pelo ex-número um mundial, Juan Carlos Ferrero, alcançou o quadro principal do Open ao passar as três rondas do qualifying, disputado em Janeiro, no Qatar.

À chegada a Melbourne, foi obrigado a uma quarentena rigorosa, que não o deixou sair do quarto de hotel durante 14 dias. Mas aproveitou bem a única semana de preparação e, no torneio ATP, derrotou David Goffin, 14.º mundial, com um duplo 6-3, antes de perder com Tiago Monteiro (83.º), em dois sets, um dos quais no tie-break.

Essas experiências e o bom sorteio, que o colocou frente a outro qualifyer, Botic van de Zandschulp (151.º), possibilitaram a vitória, por 6-1, 6-4 e 6-4. “Ontem estive tranquilo, dormi bem, mas esta manhã despertei nervoso e não estive muito relaxado durante o encontro”, admitiu Alcaraz, que ambiciona defrontar Stefanos Tsitsipas na terceira ronda. “Tenho de pensar ronda a ronda, porque cada adversário é muito difícil”, adiantou Alcaraz, que tem contado com a ajuda do mais experiente compatriota Pablo Carreño Busta (“é como um irmão”).

Em destaque no segundo dia do Open da Austrália esteve a “armada” russa, liderada por Daniil Medvedev e Andrey Rublev, os dois tenistas que levaram a Rússia à conquista da segunda edição da ATP Cup.

Medvedev, que terminou 2020 em modo invencível, triunfando no Masters 1000 de Paris e nas ATP Finals – onde foi o primeiro a derrotar os três primeiros do ranking (Djokovic, Nadal e Thiem) na mesma edição –, e começou esta época ganhando os quatros singulares na ATP Cup,  elevou para 15 o número de vitórias consecutivas, ao afastar o canadiano Vasek Pospisil (63.º), por 6-2, 6-2, 6-4.

Rublev (8.º) também esteve imbatível nos quatros encontros que disputou na ATP Cup e, frente ao alemão Yannick Hanfmann (102.º), não sentiu dificuldades para se impor, por 6-3, 6-3 e 6-4.

Karen Khachanov ficou de fora da selecção, mas dá-se igualmente bem nos hardcourts e passou à segunda ronda, ao bater Aleksandar Vukic (196.º), por 6-3, 6-7 (4/7), 7-6 (7/2) e 6-4.

Rafael Nadal, Stefanos Tsitsipas, Matteo Berrettini e Alex de Minaur também progrediram no quadro, sem cederem qualquer set.

Na competição feminina, Ashleigh Barty (1.ª) entrou de rompante e arrasou a montengerina Danka Kovinic (82.ª), em 44 minutos: 6-0, 6-0. A campeã em título, Sofia Kenin (4.ª), Elina Svitolina (5.ª), Karolina Pliskova (6.ª), Garbiñe Muguruza (24.ª), Jennifer Brady (24.ª) e a mais jovem do quadro, Coco Gauff (48.ª), também venceram em dois sets.

A eliminação mais sonante foi a de Victoria Azarenka, vítima da norte-americana Jessica Pegula (61.ª) e da paragem forçada pela quarentena rigorosa que afectou fisicamente muitos dos tenistas. A bielorrussa de 31 anos, ex-líder do ranking mundial, bicampeã na Austrália e finalista no último US Open, teve mesmo de abandonar o court devido a problemas respiratórios, quando estava a servir a 5-7, 2-4 (40-0). Apesar da recuperação de 2-5 no set inicial, Azarenka não evitou a derrota, por 7-5, 6-4.

“Não vou sentar-me aqui a questionar se devia ter vindo ou não, é uma perda de tempo. Vim e o que tinha de acontecer, aconteceu. Perdi, mas a vida continua”, “filosofou” Azarenka.

Mas nem todos dos 72 jogadores que não puderam sair do quarto durante os 14 dias da quarentena – incluindo os que ganharam a primeira ronda – foram meigos na avaliação, como foi o caso da espanhola Paula Badosa, que acusou positivo à covid-19 já em Melbourne. “Estou triste pela derrota, mas ainda mais triste porque perdi o nível para o qual tinha trabalhado duramente nos dois meses da pré-época. Por isso, não, não repetiria”, concluiu Badosa.

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