Escultor Manuel Sousa Pereira morre aos 81 anos
A Homenagem aos Trabalhadores, em Vila do Conde, é a obra mais conhecida do artista e pedagogo, que foi também assistente de José Rodrigues.
O escultor Manuel Sousa Pereira, autor do grupo escultórico Homenagem aos Trabalhadores, em Vila do Conde, morreu esta segunda-feira aos 81 anos, anunciou a cooperativa artística Árvore, no Porto, da qual era sócio honorário. A cooperativa “lamenta profundamente” a morte do escultor, que “ficará para sempre na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer”, e recorda a presença assídua do artista na sua oficina de cerâmica, onde criou uma das suas derradeiras obras, um presépio para o último Natal.
Nascido no Porto em 1939, Manuel Sousa Pereira leccionou a partir de 1977, e durante décadas, na Escola Secundária José Régio, em Vila do Conde, que conserva um retrato do seu patrono e poeta da autoria de Sousa Pereira. Testemunhando a forte ligação do artista a esta cidade, a Câmara Municipal de Vila do Conde lamentou já a sua morte, recordando-o como autor de “uma vasta e marcante obra”, em boa parte concebida para o espaço público, e que, prossegue o comunicado da autarquia, é admirada em Vila do Conde, no país e no estrangeiro. "Uma das suas obras mais emblemáticas na nossa cidade é o monumento dedicado aos trabalhadores vila-condenses que contribuíram para a expansão da cidade, inaugurado em 2002. As três figuras, construídas à escala humana, representam um carpinteiro, um trolha e um pedreiro”, lê-se ainda no mesmo texto.
Além de Vila do Conde, a obra do escultor é visível noutros municípios, nomeadamente em Cantanhede, S. João da Madeira e em Matosinhos, onde se encontra uma escultura na avenida Afonso Henriques, de homenagem ao actor João Guedes, e em Vila Nova da Cerveira, município para o qual concebeu o memorial em bronze aos heróis do Ultramar, em 2008, que viria a ser roubado, e que o próprio escultor repôs, em 2014, com uma nova obra.
Licenciado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, o escultor venceu em 1993 o prémio Secil, com Amândio Abreu de Sousa, e foi durante mais de 20 anos assistente de José Rodrigues, destacando-se, nesta colaboração, a escultura Lei, que figura na principal sala de audiências do Tribunal de Vila do Conde. A Fundação Escultor José Rodrigues lamentou também a morte de Manuel Sousa Pereira: “Estarás sempre na nossa memória e no coração, meu querido amigo (...). Com saudades imensas de todos (...). Um abraço e coragem para os familiares”, lê-se na página da instituição no Facebook, ilustradas com uma imagem de atelier, onde se cruzam os dois artistas.
O actor e encenador Júlio Gago, antigo director do Teatro Experimental do Porto, assinala na sua página de Facebook a morte do “grande escultor Manuel de Sousa Pereira” e recorda as “obras espalhadas um pouco por todo o país, e em particular a homenagem ao actor João Guedes, em Matosinhos, “e aos seus amigos Augusto Gomes e Júlio Gesta”.
Nas redes sociais, antigos alunos e artistas lamentam igualmente a morte de Manuel Sousa Pereira, recordando o seu gesto no desenho, o seu gosto por jazz e pelas viagens de mota. “Era um ser humano maravilhoso e grande escultor”, escreve a artista Isabel Lhano. “Lá para cima contam com mais um grande Homem, um grande Pedagogo, um grande Escultor, que ninguém por aqui esquecerá”, escreveu o pintor e professor de arte António Vieira da Silva.
Manuel Sousa Pereira é o pai do jornalista da agência Lusa Pedro Sousa Pereira.