Sonda Hope já orbita Marte

O objectivo da sonda dos Emirados Árabes Unidos é estudar o clima de Marte. Esta é a primeira missão interplanetária árabe. Uma dia depois, a China também deverá chegar a Marte e uma semana mais tarde será a vez dos Estados Unidos.

Ilsutração da sonda <i>Hope</i> em Marte
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Ilsutração da sonda Hope em Marte MBRSC
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O acompanhamento da missão no parque Burj, ?perto do edifício Burj Khalif, no Dubai Christopher Pike/Reuters
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O acompanhamento da missão no parque Burj, ?perto do edifício Burj Khalif, no Dubai Christopher Pike/Reuters
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Reacções ao sucesso da missão Christopher Pike/Reuters

A sonda Hope já está a orbitar Marte. A confirmação chegou esta terça-feira à tarde ao Centro Espacial Mohammed Bin Rashid, no Dubai. Esta sonda orbital é a primeira missão interplanetária árabe e permanecerá durante, pelo menos, um ano de Marte (dois na Terra) às voltas do nosso planeta vizinho. Para quê? Irá fotografá-lo e analisar a evolução do seu clima.

Várias pessoas estavam a acompanhar o caminho da sonda até Marte no parque Burj, ​em frente ao edifício Burj Khalifa (no Dubai), que estava em contacto constante com o Centro Espacial Mohammed Bin Rashid. Pouco antes das 16h (de Lisboa), este centro de comando confirmou que “a queima de combustível através dos propulsores” tinha começado, o que iria reduzir a velocidade da sonda e permitir que entrasse na órbita de Marte.

Menos de meia hora depois, acabou por vir a confirmação: o contacto com a sonda tinha sido estabelecido de novo e a sua inserção na órbita do planeta estava completa. “O contacto com a sonda Hope já foi estabelecido outra vez. A inserção na órbita de Marte está completa”, anunciou em inglês o centro de comando. Logo se ouviram aplausos ao sucesso da missão.

Lançada há cerca de sete meses, a Hope (Al-Amal, em árabe, que significa esperança) alcançou o seu grande objectivo esta terça-feira ao inserir-se na órbita de Marte. Agora, vai começar a sua missão: estudar o clima do planeta. No fundo, vai ser uma espécie de satélite meteorológico ou climático de Marte.

Mais concretamente, está planeado que estude como a energia se move através da atmosfera de Marte, seja de baixo para cima, em todos os momentos do dia ou ao longo das estações do ano. Espera-se, por exemplo, que consiga analisar as características de uma poeira que se levanta em Marte e influencia a temperatura do planeta. Ou ainda que se observe o que acontece com o comportamento de átomos neutros de hidrogénio e oxigénio que estão no topo da atmosfera, pois suspeita-se que esses átomos possam ter influência na contínua erosão da atmosfera de Marte.

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Sonda Hope com os painéis solares abertos MBRSC/CU-LASP

Para que estas observações sejam possíveis, a sonda começará a fazer uma órbita quase equatorial e ficará a uma distância de Marte entre 22.000 e 44.000 quilómetros.

Através desta missão, os cientistas aguardam por belas (e frequentes) imagens do planeta. “Qualquer imagem que consigamos será icónica, mas nem consigo imaginar o que sentirei quando conseguirmos a primeira imagem completa de Marte, já quando estivermos em órbita”, afirmou Sarah Al Amiri, responsável científica da missão e ministra de Ciências Avançadas dos Emirados Árabes Unidos, citada pelo site da BBC. “Além disso, para mim, [também é importante o facto] que se consigam dados científicos, que a nossa equipa científica comece a analisá-los e que se encontre algo que não tinha sido descoberto antes.”

A história desta missão começou há pouco mais de seis anos. Em 2014, os Emirados Árabes Unidos anunciaram planos para uma missão a Marte que alcançaria o planeta em 2021, precisamente no ano da celebração do 50.º aniversário da fundação do país. Esta é a primeira missão interplanetária árabe e, para que fosse possível, os Emirados Árabes Unidos tiveram vários “mentores” internacionais.

Engenheiros dos Emirados e dos Estados Unidos construíram os sistemas da sonda e três instrumentos que irão a bordo da Hope. O desenvolvimento da sonda foi feito no Laboratório para Física Espacial e Atmosférica da Universidade do Colorado, em Boulder (Estados Unidos), e no Centro Espacial Mohammed Bin Rashid, no Dubai. Houve ainda parcerias com a Universidade Estadual do Arizona (EUA) e a Universidade da Califórnia, em Berkeley.

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Sarah Al Amiri, ministra de Ciências Avançadas dos Emirados Árabes Unidos Christopher Pike/Reuters

Minutos antes de se confirmar o sucesso da missão, no parque Burj, Sarah Al Amiri explicava o significado desta missão: “Estamos aqui para um momento histórico.” A ministra referiu que este momento marca uma “mudança na história da nação” e de como foi importante a colaboração internacional. Além disso, tem um significado importante para o futuro do país a nível da ciência e da inovação e de demonstração da sua capacidade de construir uma missão desta envergadura: “Esta missão é sobre os próximos 50 anos.”

Por estes dias, os nossos olhos não se desviarão assim tão depressa de Marte. Depois da Hope, na quarta-feira (amanhã), a sonda chinesa Tianwen 1 também tentará entrar na órbita de Marte. Tanto os Emirados Árabes Unidos como a China são recém-chegados a Marte. Uma semana depois, a 18 de Fevereiro, espera-se que o rover da NASA Perseverance chegue ao planeta para recolher amostras e voltar depois à Terra.

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