Pelo hospital de campanha de Lisboa já passaram quase 100 doentes. Oferta alargada dentro de uma semana
Apoio aos hospitais pode passar também por receber doentes que poderiam ir para casa mas não têm condições e doentes infectados com o SARS-CoV-2 a precisar de cuidados paliativos.
Dentro de uma semana, o hospital de campanha criado no Estádio Universitário de Lisboa vai passar a ter 150 camas para receber doentes com covid encaminhados pelos hospitais de Lisboa e arredores. Por aquele espaço já passaram quase 100 doentes e o alargamento da resposta pode passar também por receber doentes que poderiam ir para casa mas não o podem fazer por falta de condições, além de doentes infectados com o SARS-CoV-2 a precisar de cuidados paliativos.
A capacidade do pavilhão onde agora funciona o hospital de campanha – 58 camas, das quais 23 com oxigenioterpia – nunca foi esgotada. Mas o objectivo é aliviar ainda mais a pressão que recai sobre os hospitais de Lisboa e Vale do Tejo. “Vamos passar a considerar a possibilidade de receber pessoas que, por questões de dificuldade de irem para casa, não o podem fazer e equacionamos também a hipótese de receber doentes a precisar de cuidados paliativos”, diz ao PÚBLICO o coordenador do hospital de campanha.
“Não era o objectivo inicial, mas tudo o que pudermos fazer para aliviar os hospitais é um benefício”, afirma António Diniz. Inicialmente pensado em Março do ano passado para dar apoio aos três centros hospitalares de Lisboa, quando finalmente abriu portas no final de Janeiro já estava previsto apoiar também os hospitais Amadora-Sintra e de Loures.
Mas as portas estão abertas a muito mais unidades. “Damos apoio a esses hospitais, ao de Cascais, Garcia de Orta (Almada), Vila Franca de Xira, Barreiro/Montijo. Estamos ao dispor de todos os hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, desde o Centro Hospitalar do Oeste a Setúbal”, explica o médico pneumologista, referindo que pelo hospital de campanha “já passaram quase 100 doentes”.
A mudança para o novo pavilhão deve acontecer dentro de uma semana. Nesta vão começar a integrar novos médicos, enfermeiros e assistentes operacionais que vão reforçar as equipas, de forma a ter tudo pronto quando iniciarem funções no novo espaço. “A esmagadora maioria são profissionais dos cuidados de saúde primários e hospitalares, mas também profissionais que estão reformados e outros que [tendo formação] estavam fora do sistema.”
“Mudamos o que temos [para o novo pavilhão] porque não podemos correr o risco de dispersar esforços em termos de recursos humanos e equipamentos. O pavilhão que está agora ocupado fica montado e caso seja preciso reabri-lo para dar apoio, conseguimos fazê-lo em 12 horas”, explica António Diniz. A mudança vai também permitir aumentar o número de camas com oxigenioterapia “para 50, que são as que têm maior procura.”
O hospital de campanha tem à disposição “três pavilhões e uma tenda montada no antigo campo de râguebi”, explica ao PÚBLICO fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa, parceira neste projecto, referindo que, “se estiver todo aberto, pode receber até 500 doentes com covid-19”. Casos que “não sejam muito graves, que não precisem de ventilação invasiva ou que tenham só necessidade de ventilação feita através de unidades móveis”.
O hospital de campanha vai contar com o apoio de voluntários. Na última quarta-feira, a Universidade de Lisboa, outro dos parceiros deste projecto, pediu estudantes, professores e funcionários de universidades e politécnicos com pelo menos 18 anos e que já tenham sido infectados. Logo nos primeiros dias mais de 800 pessoas inscreveram-se para serem voluntárias. António Diniz diz que o número é já superior a mil. Em declarações à agência Lusa, Dulce Domingos, que está a coordenar este processo, adiantou que foi seleccionado um primeiro grupo de 80 voluntários que seriam sujeitos a testes serológicos.