Lobo Xavier assume “definhamento lento” do CDS e defende congresso
Antigo dirigente centrista elogia actual líder, mas diz também que Adolfo Mesquita Nunes merece respeito pela iniciativa que lançou.
António Lobo Xavier, militante histórico do CDS, assume que estaria mais confortável se o actual líder do partido estivesse disponível para um congresso extraordinário. No programa da TVI24 Circulatura do Quadrado, ontem à noite, o conselheiro de Estado deixa elogios a Francisco Rodrigues dos Santos mas pede também “respeito” por Adolfo Mesquita Nunes.
“Quando olho para estes tempos tenho de compreender a insatisfação dos militantes não exclusivamente por culpa dele, mas a ideia que ele tinha era afirmar a direita democrática e hoje está confrontado com a ideia generalizada de que o CDS pode desaparecer”, afirmou, depois de assumir que gosta de Francisco Rodrigues dos Santos “como pessoa”, que é “inteligente, respeitável leal” e que “tem ideias”.
Lobo Xavier, que integra um grupo de trabalho do CDS sobre a recuperação económica convite do actual líder, disse preferir que a situação fosse discutida num congresso em vez de um conselho nacional que tem menor representatividade por causa dos lugares inerentes e da ausência de delegados eleitos por causa da pandemia. “Estaria mais confortável que Francisco Rodrigues dos Santos estivesse disponível para um debate mais alargado embora os congressos digitais sejam muito complexos na pandemia”, disse, alertando para o risco de se iniciarem “guerras fratricidas”. Nesse sentido, o empresário condenou as declarações de Francisco Rodrigues dos Santos ao fazer “insinuações de ligações de Adolfo Mesquita Nunes aos negócios, o que não só uma falsidade e uma estigmatização inaceitável para o presidente do CDS”.
Questionado sobre se o seu voto iria para o challenger, Lobo Xavier elogia o seu gesto embora ainda não tivesse ouvido o que quer para o partido. “Posso presumir que tendo ele hipóteses de ser líder da Iniciativa Liberal (…) para mim só o facto de ele querer ser líder do CDS numa altura em que há autárquicas e em que o partido está tão em baixo, é um gesto de respeito, ele merece respeito e ser ouvido”, afirmou, sustentando que “os militantes do CDS podem querer discutir realmente num fórum mais alargado que soluções há para este definhamento lento”.
Relativamente às causas da actual situação do partido – da “mini-van” como lhe chamou – o antigo líder parlamentar disse que não imputa toda a responsabilidade a Francisco Rodrigues dos Santos, lembrando que o partido tem um grupo parlamentar e tribunos alguns dos quais “magníficos”.
No congresso de Janeiro de 2020, que elegeu Francisco Rodrigues dos Santos, Lobo Xavier defendeu uma “mudança” no partido e não apoiou aquele que era considerado o candidato da continuidade, João Almeida.