Mónica Baldaque: a mãe Agustina é uma imagem feita de pegadas que se apagam na areia

Em Sapatos de Corda, escreve uma espécie de diário, memórias fragmentadas da família. O pai, Alberto Luís, a mãe, Agustina Bessa-Luís, a família e o Douro. Estamos numa intimidade cheia de fantasmas, incluindo os nossos. E a certeza da filha de que não pode haver uma biografia definitiva da mãe.

Foto
Nelson Garrido

É de Mónica o olhar. Recai sobre uma mulher que caminha pelo areal. “É a imagem mais terna que tenho da minha mãe. É em Esposende, na praia. Eu estou cá em cima, nas dunas, a vê-la. Ela não gostava muito de praia, mas gostava de passear na praia. Vejo-a à beira-mar com uns sapatos brancos de corda que ela usava imenso. Ela ia por aí afora e eu de repente deixava de a ver, porque um raio de sol fazia-a desaparecer. Havia uns segundos de suspense, e ela reaparecia. Eu olhava para o chão e não via as pegadas dela. As pegadas desapareciam. É a imagem que mais me comove quando penso nela”, diz Mónica Baldaque sobre a mãe, Agustina Bessa-Luís, num livro que é um diário de família centrado também na relação com o pai, o advogado Alberto Luís: Sapatos de Corda.

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