CODU não envia doentes respiratórios para o Amadora-Sintra. Há 20 doentes a caminho de hospitais do Norte

Período deverá ser alargado, mediante uma avaliação que será feita até às 20h. Há novas transferência de doentes a serem preparadas, num dia em que o hospital contava com 368 doentes internados com covid-19.

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O problema com o oxigénio que levou à transferência de doentes na semana passada está resolvido, mas o hospital continua sob pressão Nuno Ferreira Santos

O Hospital Fernando da Fonseca, mais conhecido por Amadora-Sintra, pediu ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que não lhe envie doentes com problemas respiratórios, por causa da enorme pressão que voltou a sentir, depois de alguma acalmia no fim-de-semana. Esta quarta-feira vão ser transferidos para hospitais do Norte 20 doentes desta unidade hospitalar.​​

Pelas 15h desta quarta-feira, fonte do Amadora-Sintra dava conta que 20 doentes iam ser transferidos para hospitais do Norte do país, e que quatro deles já estavam mesmo a caminho. Deste grupo, 15 vão para o Centro Hospitalar Universitário de S. João, no Porto, e cinco para o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.​ O anúncio foi feito depois de o hospital ter pedido ao CODU que suspendesse o envio de doentes com problemas respiratórios. 

A operação de transferência de doentes está a ser coordenada pelo CODU. Os primeiros cinco doentes seguiram para Norte em outras tantas ambulâncias do INEM e, ao final da tarde, preparava-se para sair o segundo grupo de cinco viaturas já dos bombeiros. 

Por causa deste movimento — que se iria prolongar por mais algumas horas — o pedido para que o CODU não enviasse doentes com problemas respiratórios para aquele hospitalar, deveria ser renovado, prolongando-se por mais algumas horas, além das inicialmente previstas.

O pedido inicial, aceite pelo CODU, foi feito ontem, para o período entre as 16h30 e a meia-noite e reiterado, depois dessa hora, para abranger o período até às 20h desta quarta-feira. Este prazo deverá ser prolongado, admite fonte do hospital. A medida abrange apenas os doentes enviados pelo CODU, já que a urgência continua aberta para os doentes que ali se dirijam por outros meios. 

Esta quarta-feira, o Amadora-Sintra tinha 368 doentes com covid-19, 37 dos quais na unidade de cuidados intensivos (UCI) e 18 instalados numa enfermaria do Hospital da Luz, desde que, na semana passada, um problema com a pressão do oxigénio fornecido aos pacientes levou à transferência de 120 doentes. Nessa altura, o hospital tinha 363 com covid-19. 

Neste momento, o Amadora-Sintra tem 11 enfermarias abertas para doentes com esta patologia, e a UCI foi reforçada com mais seis camas, totalizando as 42. Um número “que claramente ultrapassa os piores cenários” imaginados para a situação de pandemia.

Durante o fim-de-semana, o Amadora-Sintra tinha registado algum alívio e, no sábado, com 278 doentes com covid-19 (incluindo os que estão no Hospital da Luz), tinha mesmo disponibilizado dez vagas no internamento para outros hospitais da região que estivessem com mais problemas. Só que, no início da semana, os números voltaram a disparar. De 299 internamentos com covid-19 no domingo, saltou-se para 333 na segunda-feira, 345 na terça-feira e, esta quarta-feira, tinha-se atingido o pico de 368 doentes.

Independentemente da covid, “domingo, segunda e terça-feira são dias terríveis estatisticamente para as urgências dos hospitais”, disse a mesma fonte, frisando que, na zona da Grande Lisboa, o Amadora-Sinta é o hospital “com mais episódios de urgência por dia”, com uma média que ronda os 450 atendimentos por dia. Nos últimos dias, um novo dado preocupante juntou-se a este factor - se a média de doentes com covid-19 se tinha situado, estabilizada, em “cerca de um terço” de todas as urgências, nos últimos dias, saltou para 40%. “É um aumento muito expressivo, daí termos pedido preventivamente o desvio do CODU [para doenças respiratórias] e ter sido concedido.”

Segundo os dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sobre os tempos médios de espera no atendimento, que são permanentemente actualizados online, ao início da tarde desta quarta-feira, o Amadora-Sintra tinha 21 doentes a aguardar para serem atendidos na urgência geral, o Hospital Beatriz Ângelo, 28 e o Garcia de Orta, 2. Já no Hospital de Santa Maria havia 13 doentes a aguardar para serem atendidos na urgência central, e no São José eram apenas 2.

No Hospital de S. João estava tudo a postos para começar a receber os primeiros doentes a partir das 20h30. Depois de dar conta que iria receber “um número significativo” de doentes com covid-19, provenientes da região de Lisboa e Vale do Tejo, o hospital portuense precisou que numa “resposta solidária face à complexidade e à exigência de uma área muito fustigada do país”, vai receber 15 doentes do Amadora-Sintra que irão ser internados em enfermaria, alguns dos quais a necessitar de ventilação não invasiva. ​

Notícia actualizada com dados sobre transferência de doentes.

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