Covid-19: vacina da AstraZeneca reduz transmissão do vírus após uma dose

Estudo apresentado esta quarta-feira mostra uma eficácia de 76% contra infecções após a primeira dose da vacina. A eficácia que se mantém por três meses, aumentando para 82% após uma segunda dose tomada três meses depois.

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Reuters

A vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford reduz a transmissão do vírus em 67% após a primeira dose, segundo uma análise aos ensaios clínicos actualmente em revisão, foi anunciado esta quarta-feira.

O estudo da Universidade de Oxford, que deverá ser ainda validado por pares antes da publicação, revela não apenas que as pessoas vacinadas estão protegidas da doença, como são menos capazes de a transmitir a outras, noticia a agência AFP.

O responsável do projecto, Andrew Pollard, disse esta quarta-feira à BBC que esta vacina pode ter um “grande impacto” ao nível da transmissão, notando que os testes foram feitos antes do aparecimento das variantes mais contagiosas do novo coronavírus, que “está a tentar encontrar a qualquer custo formas de continuar a ser transmitido”.

O estudo mostra uma eficácia de 76% contra infecções após a primeira dose da vacina, eficácia que se mantém por três meses. A eficácia aumenta para 82% após uma segunda dose tomada três meses depois.

Estes dados suportam a estratégia do Governo britânico que, para vacinar de forma mais ampla, decidiu adiar a segunda dose até 12 semanas, para chegar ao maior número de pessoas.

Numa ronda de perguntas de jornalistas nesta quarta-feira, Mene Pangalos (vice-presidente executivo de investigação e desenvolvimento de produtos biofarmacêuticos da AstraZeneca) informou que se pretende produzir a próxima geração de vacinas contra as novas variantes antes do próximo Inverno no hemisfério Norte. O responsável da AstraZeneca sublinhou que agora é preciso trabalho de laboratório e avaliar novas doses. Mesmo assim, salientou que conceber essa nova versão da vacina é algo rápido e que pode ser feito num curto período de tempo.

Andrew Pollard, director do Grupo de Vacinas da Oxford, também se mostrou confiante de que a actual vacina funcionará contra a variante inicialmente detectada no Reino Unido e que já se espalhou pelo mundo. Mas Andrew Pollard ainda avisou: “O vírus vai continuar a mutar.”

Quanto às perguntas sobre a eficácia da vacina em adultos mais velhos, os responsáveis referiram que estão cada vez mais perto de ter dados sobre a eficácia nesse grupo, mas que as provas que já têm mostram que a vacina é segura para essa faixa etária. “Teremos mais dados de pessoas com mais de 65 anos nos próximos meses”, afirmou Mene Pangalos. Estas afirmações surgem depois de alguns países na União Europeia recomendarem não usar a vacina em pessoas com mais de 65 anos devido à falta de dados para esse grupo. 

No Reino Unido estão a ser usadas duas vacinas contra a covid-19, a da AstraZeneca/Oxford e a da Pfizer/BioNTech, às quais se juntará a da Moderna na Primavera.

“Isto apoia categoricamente a estratégia que estamos a desenvolver”, afirmou à BBC o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, referindo ainda que “mostra ao mundo que a vacina de Oxford está a funcionar bem”.

A estratégia do Governo britânico, que aprovou as vacinas em Dezembro e decidiu adiar a toma da segunda dose, tem sido criticada, particularmente pela França. Ao contrário do Reino Unido, França e Alemanha não recomendam a vacina da AstraZeneca para maiores de 65 anos, embora a Agência Europeia do Medicamento a tenha aprovado para todos os adultos.

O secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Clément Beaune, considerou que o Reino Unido “está a assumir muitos riscos”, porque aposta de forma maioritária numa única vacina e porque alargou os prazos entre as injecções necessárias, “algo que os especialistas desaconselham”.

Desde o início da pandemia de covid-19, em Março do ano passado, o Reino Unido registou 108.013 mortes e 3.852.623 casos. Entretanto, o número de pessoas vacinadas continua a aumentar, tendo quase 9,7 milhões recebido uma primeira dose e perto de meio milhão a segunda dose, normalmente administrada com um intervalo de entre 21 e 84 dias.