Adolfo Mesquita Nunes apela ao fim de “grupos e facções” para ultrapassar crise no CDS
Antigo vice-presidente respondeu aos militantes que têm questionado as suas intenções de pedir um congresso antecipado.
Adolfo Mesquita Nunes, o ex-vice-presidente do CDS que desafiou o actual líder para um congresso antecipado, apelou à união do partido, ao fim “dos grupos e das facções”, e rejeitou que lhe sejam atribuídos “certificados de cristianismo”.
Num vídeo publicado esta segunda-feira à noite nas redes sociais, Adolfo Mesquita Nunes tenta responder a perguntas que lhe têm sido colocadas nos últimos dias sobre os motivos que o levaram a pedir um congresso antecipado neste momento, as razões de o fazer no CDS, e sobre quem são os seus apoios. É na resposta a esta última pergunta que o ex-vice-presidente de Assunção Cristas apela à união. “Não é possível contar com grupos nem tendências nem facções. A mim não me vão ouvir falar de terrorismo e coisas que tais. Isto não é para fazer a guerra é para fazer mais partido. Não é para andar a controlar quem faz likes em quem e onde, é para falar para o país”, afirmou, depois de defender a necessidade de “renovar e integrar”.
O antigo secretário de Estado fez eco da pergunta que lhe têm lançado em jeito de crítica: se se propõe como alternativa “com os mesmos de sempre”, ou seja, com os ‘portistas’. “É com os de agora, com os de sempre, com os que foram, com os que vão voltar”, disse, defendendo que o CDS só conseguirá ultrapassar a crise se esquecer as divisões: “Se deitarmos para trás das costas essas conversas que nos dividem a todos em gavetas e caricaturas”.
No vídeo com perto de oito minutos, Adolfo Mesquita Nunes responde ainda aos que sugerem que saia do partido, lembrando que está no CDS há 25 anos e que nos momentos mais difíceis da sua vida teve pessoas do CDS à sua volta. O ex-dirigente também se dirige aos que o vêem mais próximo da Iniciativa Liberal e mais longe dos democratas-cristãos. “Peço vos que desconfiem de todos os que dizem que X ou Y devia embora sobretudo quando o fazem com aquele ar de superioridade moral a atribuir certificados de cristianismo. Nem o Santo Papa faz certificados de cristianismo”, afirmou, questionando “que partido da direita europeia prescinde da direita das liberdades e diz que não quer a direita das liberdades”. “Para crescer temos de nos unir, temos um património ideológico muito forte”, reforçou.
O challenger de Francisco Rodrigues dos Santos justifica que a situação do partido se alterou desde o último conclave em que a direcção eleita “representava uma esperança”. Por isso, avançou com um pedido de congresso antecipado que deverá ser discutido num conselho nacional ainda sem data marcada. Adolfo Mesquita Nunes coloca a pergunta a que os conselheiros nacionais deveriam responder: “As coisas estão a correr bem?”
Depois de já ter indicado que haverá um conselho nacional, após o desafio do congresso e a demissão de três elementos da sua direcção, o líder do CDS vai anunciar esta tarde, às 19h, a sua decisão sobre a crise do partido.