Apoiantes de Navalny voltam a enfrentar Putin pelo segundo fim-de-semana consecutivo

Polícia reprimiu em força as manifestações organizadas em 80 cidades russas em que foi exigida a libertação do líder da oposição. Mais de quatro mil pessoas foram detidas.

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MAXIM SHEMETOV / Reuters
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Há pouca coisa que enerve mais o Presidente russo, Vladimir Putin, do que ver as ruas das cidades russas cheias de gente em fúria contra o seu regime. Se as primeiras semanas de 2021 continuarem a tendência, este será um dos anos mais desafiantes desde que o antigo espião do KGB chegou ao poder há duas décadas.

Este domingo, mais de quatro mil pessoas foram detidas pela polícia, incluindo 82 jornalistas, em manifestações que se estenderam a 80 cidades russas, de acordo com os dados da OVD. Os protestos foram convocados por apoiantes do principal opositor do regime, Alexei Navalny, que exigem a sua libertação.

As manifestações deste domingo foram encaradas pela polícia russa como um desafio e não foi deixado nenhum pormenor ao acaso para mostrar quem manda nas ruas do país. Em Moscovo foram encerradas sete estações de metro e as deslocações no centro da capital foram fortemente restringidas, enquanto um grande número de agentes fazia patrulhas.

“Moscovo parece uma fortaleza hoje”, descrevia ao Guardian Maria Lazareva, uma manifestante que esteve presa entre duas linhas de agentes da polícia antimotim perto da Praça Komsomolskaia. O objectivo das autoridades era dissuadir todos aqueles que pretendam regressar às ruas nos próximos tempos. No fim-de-semana anterior, as principais cidades russas já tinham sido palco de enormes manifestações que foram respondidas com milhares de detenções.

Nos dias que antecederam os novos protestos, as forças de segurança intensificaram a perseguição dos aliados de Navalny, com várias buscas e detenções. Mas nada disso travou os desejos de milhares de russos, unidos na rejeição de um Governo que consideram ditatorial, ultrapassado e corrupto.

Os manifestantes pretendiam chegar à prisão de Matrosskaia Tishina, onde Navalny está detido, mas foram envolvendo-se em confrontos com o forte contingente da polícia antimotim destacado para acompanhar a marcha. As autoridades russas justificaram as detenções, dizendo que as acções não tinham sido autorizadas e põem em causa as restrições em vigor por causa da pandemia da covid-19. No início do ano, o Parlamento russo, controlado pelo partido de Putin, o Rússia Unida, aprovou novas limitações a manifestações.

Os protestos antigovernamentais espalharam-se um pouco por todo o país, incluindo em cidades siberianas como Iakutsk, onde se registaram temperaturas de -40.ºC, segundo a BBC. O carácter nacional deste movimento introduz um factor inovador na história recente da oposição russa, considerada durante muitos anos inexpressiva fora dos centros urbanos de Moscovo e São Petersburgo.

Os apoiantes de Navalny consideram que as acusações movidas contra si pela justiça russa são infundadas e politicamente motivadas pelo seu percurso na oposição ao regime. Navalny foi preso a 17 de Janeiro, depois de regressar de Berlim onde passou cinco meses hospitalizado a recuperar de um envenenamento. O activista político diz ter sido vítima de uma tentativa de assassínio pelos serviços secretos russos sob ordens de Putin.

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