“Hostilizar [votantes de Ventura] pode transformar um grito de protesto numa condição estrutural”

Tiago Mota Saraiva, arquitecto e militante do PCP, considera que “as famílias do antigo Alentejo de latifúndios ainda sonham em fazer um ajuste de contas com o 25 de Abril”.

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Como explica a fraca votação em João Ferreira quando a campanha até foi elogiada por vários quadrantes políticos?
Sendo certo que a candidatura de João Ferreira não obteve um resultado extraordinário, a campanha e os resultados revelam algumas novidades. Durante a campanha, João Ferreira tentou evitar conflitos estéreis à esquerda e construiu um discurso propositivo em torno de princípios humanistas, plasmados na Constituição. Isso abriu portas que permitiram chegar a outros eleitorados. Não me recordo de um candidato apoiado pelo PCP-PEV que tivesse tido tantos apoios de militantes e dirigentes do PS e de tamanha subida eleitoral nas freguesias mais jovens. Mas o medo da votação de André Ventura, e o repto pelo 2º lugar que lançou, falaram mais alto na mobilização em torno do voto útil. Não é por acaso que, numa recente sondagem da Aximage, 10% do eleitorado de Ana Gomes admita votar na CDU e 8% no BE nas próximas legislativas. Parece claro que uma parte importante dos potenciais eleitores de João Ferreira e Marisa Matias, votaram em Ana Gomes.

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