Abel pode suceder a Jesus como rei do futebol sul-americano

Numa final da Taça dos Libertadores 100% brasileira, o Palmeiras, comandado pelo treinador português, defronta, neste sábado, o Santos, no Maracanã.

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Abel Ferreira, treinador do Palmeiras Reuters/ADRIANO MACHADO

Quando o argentino Loustau apitar para o final da 61.ª edição da Taça dos Libertadores, há a certeza que o jogo decisivo da mais importante competição de clubes da América do Sul foi disputado praticamente sem público (dos 78.838 lugares disponíveis, cinco mil estarão ocupados), fora do prazo (é referente a 2020) e que, no fim, haverá festa paulista no Rio de Janeiro. Porém, o confronto entre Palmeiras e Santos no Estádio do Maracanã (20h, SPTV2) pode ficar igualmente na história do futebol português: 14 meses depois de Jorge Jesus conquistar, em Lima, o troféu pelo Flamengo, Abel Ferreira está a 90 minutos de repetir o feito do actual treinador do Benfica.

Há pouco mais de três meses, o Palmeiras vivia momentos conturbados. Apesar de ser um dos mais titulados treinadores do Brasil, Vanderlei Luxemburgo nunca teve o apoio da maioria dos adeptos no regresso ao clube de São Paulo, culpa do futebol pouco atractivo da equipa, e, após três derrotas consecutivas no Brasileirão, Mauricio Galiotte, presidente do Palmeiras, despediu o técnico de 68 anos.

Para recuperar um clube habituado a ganhar, Galiotte apostou numa mudança profunda: um técnico jovem, com métodos modernos e uma ideia de jogo atractiva. A primeira opção foi Miguel Ángel Ramírez, mas depois de ficar fechado o acordo sobre salários e tempo de contrato entre técnico e clube, o espanhol manifestou a intenção de deixar os colombianos do Independiente del Valle apenas no final da época.

O “verdão” não aceitou e surgiram na imprensa brasileira vários nomes de alternativas a Ramírez – Setién, Holan e Beccacece –, mas, a 30 de Outubro, Abel Ferreira foi confirmado como primeiro treinador estrangeiro do Palmeiras em seis anos. Três meses depois, com a admiração dos adeptos palmeirenses já conquistada, o português pode, mais de 20 anos depois, recolocar os paulistas no topo do futebol sul-americano.

Com quatro presenças na final da Libertadores – perdeu três (1961, 1968 e 2000) e ganhou uma (em 1999, com Scolari) -, o Palmeiras vai protagonizar com o Santos o terceiro jogo decisivo da competição 100% brasileiro, mas será o primeiro disputado exclusivamente por clubes paulistas.

Para um duelo entre velhos rivais, Abel tem a equipa praticamente na máxima força mas, na antevisão da final, apenas confirmou a titularidade de Weverton: “O guarda-redes já sabemos, porque é um craque, no resto há interrogações. A nossa força está no colectivo e é nisso que vamos apostar para esta final”.

Com os prováveis titulares poupados contra o Ceará e o Vasco da Gama, Abel admitiu que tem “a equipa inteira e preparada”, e revelou o que vai pedir aos seus jogadores: “Que vivam o momento com intensidade e façam o que sabem. Eles trabalharam a vida toda por esta oportunidade. Eu prefiro ter toda a tensão do que ver o jogo sentado em casa. O nosso sonho era este.”

Do outro lado, no entanto, estará também uma equipa que se está a preparar há duas semanas para este jogo. Após afastar o Boca Juniors, o Santos, que já ganhou a Libertadores por três vezes - a última, em 2011, com Neymar -, tem gerido o plantel no “brasileirão” e o treinador Cuca, para além das estrelas da equipa (Lucas Veríssimo, Marinho e Soteldo), teve ontem a boa notícia que terá o seu capitão: Alison, que testou positivo à covid-19 a 15 de Janeiro, foi autorizado a jogar.

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