Rússia diz que pode fornecer cem milhões de doses da sua vacina à União Europeia até Junho
País já pediu acompanhamento científico à EMA para que a Sputnik V estar de acordo com a legislação euroeia e poder ser aprovada para uso na UE.
A Rússia pode fornecer à União Europeia 100 milhões de doses de sua vacina contra a covid-19, a Sputnik V - o suficiente para vacinar 50 milhões de pessoas - entre Abril e Junho, fez saber nesta sexta-feira o fundo soberano do país, que gere as exportações do medicamento.
“Após a conclusão da parte principal da vacinação em massa na Rússia, podemos fornecer à UE 100 milhões de doses da vacina Sputnik V para 50 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2021”, disse através de um comunicado no Twitter o Fundo de Investimento Directo Russo (RDIF).
O Sputnik V é administrado a cada pessoa em duas doses, com a injecção de reforço dada 21 dias após a primeira. A proposta de oferta de 100 milhões de doses para a UE teria que estar sujeita à aprovação desta vacina pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), especifica o RDTF.
A Rússia entrou com pedido de registo do Sputnik V na União Europeia e espera uma resposta da EMA em Fevereiro. Os fabricantes russos produziram apenas 8,7 milhões de doses de vacina até agora, disse a vice-primeira-ministra Tatiana Golikova na quinta-feira.
Na semana passada, a EMA explicou que a entidade produtora da Sputnik V – que possui uma eficácia de 91,4% segundo o último controlo efectuado na terceira fase de ensaios clínicos – solicitou “acompanhamento científico” para “facilitar” o seu programa de desenvolvimento do fármaco e aproximá-lo da legislação comunitária, numa tentativa de garantir a aprovação da sua utilização na UE.
Golikova não especificou se este número inclui as duas injecções ou não. De qualquer forma, o número é relativamente baixo, quando se sabe que a produção continua a crescer. As autoridades disseram que as exportações em grande escala da Sputnik V produzida na Rússia ocorrerão apenas depois de as necessidades de vacinação na Rússia forem atendidas.
Assim, a oferta de 100 milhões de doses à UE no segundo trimestre não seria fornecida pelos fabricantes russos. Em vez disso, seria produzido por parceiros de fabricação na Índia, China, Brasil, Coreia do Sul e noutros locais, disse a RDIF.
No entanto, os esforços para aumentar a produção nesses países sofreram alguns atrasos, divulgados pela RDIF nesta semana. Com acordos para entregar doses de Sputnik V a mais de 500 milhões de pessoas este ano, já assinados com vários países em todo o mundo, esses atrasos levantam questões sobre a viabilidade da oferta de 100 milhões de doses adicionais para a UE até Junho.
A RDIF alertou na quarta-feira que, devido à necessidade de aumentar a capacidade de produção no exterior, podem ser esperados atrasos de até três semanas nas entregas planeadas para a América Latina. “Agora estamos a actualizar as instalações localizadas fora da Rússia para garantir o abastecimento da Argentina e do restante da região. Como resultado, veremos um aumento significativo na produção no segundo trimestre”, disse RDIF em relação aos atrasos.
A Rússia exportou até agora pouco menos de 900 mil doses, o suficiente para inocular cerca de 450 mil pessoas, com base numa contagem da Reuters. A maioria foi enviada para a Argentina, a partir dos aeroportos de Moscovo.