ANA recorre a apoio à retoma e reduz tempo de trabalho em 20%
Gestora dos aeroportos portugueses, pertencente ao grupo francês Vinci, adopta medidas a partir de 1 de Fevereiro, próximo dia útil. Só a direcção e os trabalhadores escalados em turnos ficam fora da diminuição da carga horária
A ANA – Aeroportos de Portugal vai recorrer, a partir de 1 de Fevereiro, próxima segunda-feira, à medida de apoio à retoma disponibilizada pelo Estado, e irá, no primeiro mês de aplicação, reduzir o tempo de trabalho em 20%, segundo o presidente executivo do grupo.
Numa mensagem aos trabalhadores da empresa, a que a Lusa teve acesso, Thierry Ligonnière explicou que, tendo em conta os impactos que a pandemia está a ter no tráfego aéreo, informou a Comissão de Trabalhadores e as organizações sindicais “da decisão da ANA de utilizar, a partir de 1 de Fevereiro, a medida governamental de apoio à retoma da actividade, que está em vigor desde 15 de Janeiro”.
De acordo com o gestor, “no primeiro mês de aplicação desta medida, que decorrerá até ao final de Junho, haverá uma redução uniforme de 20% do tempo de trabalho a todas” as equipas, “com excepção das funções de direcção (que serão mobilizadas a tempo inteiro para esta implementação) e dos trabalhadores com horários em escala (devido à dificuldade de organização e comunicação das escalas em tempo útil)”.
Thierry Ligonnière revelou ainda que “esta medida será reavaliada e alargada no mês seguinte, prevendo-se a sua aplicação às áreas operacionais (horários em escala)”.
O presidente da ANA informou também que a cada mês “as equipas de gestão vão avaliar as necessidades reais da empresa em termos de tempo de trabalho, a fim de definir os níveis de redução para todas as suas equipas, seja em horários regulares ou por turnos”, assegurando que a “lei permite que esta redução seja modulada em função das necessidades”.
“De acordo com os termos da lei, o impacto na remuneração é variável, entendendo-se que para os salários mais baixos (abaixo de três salários mínimos) o pagamento integral das horas não trabalhadas é assegurado pela empresa, que assume posteriormente a responsabilidade de obter a comparticipação do sistema de segurança social”, esclareceu Thierry Ligonnière.
“Com a situação sanitária a deteriorar-se, com indicadores epidemiológicos dos mais preocupantes a nível mundial, e com o tráfego aéreo próximo de zero devido às restrições à circulação, aumenta, entre todos nós, a apreensão sobre a situação da nossa empresa e as acções a implementar a curto prazo”, referiu o presidente da ANA, na mesma mensagem.
O gestor revelou ainda que “o encerramento das contas da empresa confirmou a perspectiva de um resultado fortemente negativo para o exercício financeiro de 2020, e uma redução significativa” da capacidade financeira do grupo e que “2021 avista-se difícil, entre uma situação económica tensa, às vezes crítica, para as empresas do sector, com endividamento muito elevado, e a esperança do início de uma normalização resultante das campanhas de vacinação”.
Em Julho do ano passado, a ANA, companhia que pertence ao grupo francês Vinci, anunciou que iria avançar com “um plano de saídas voluntárias”, no âmbito do redimensionamento das suas equipas, por causa do impacto da covid-19, segundo uma mensagem do presidente da empresa.
“Perante uma crise que sabemos agora ser duradoura, é também necessário, desde já, um redimensionamento das nossas equipas. Assim, simultaneamente, pedi a cada direcção que identificasse as actuais necessidades para, em conjunto com a direcção de Recursos Humanos, ser elaborado um plano de saídas voluntárias”, referiu Thierry Ligonnière, num ‘email’, enviado aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso.