Parem com a conversa infindável sobre o referendo, diz Boris Johnson na Escócia

Se a Escócia se tornasse independente, o Reino Unido perderia cerca de um terço de sua massa de terra e quase um décimo de sua população.

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Na Escócia, Boris Jonhson visitou as tropas a instalarem um centro de vacinação em Castlemilk, perto de Glasgow Reuters

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse aos nacionalistas escoceses na quinta-feira para pararem com a conversa “interminável” sobre um novo referendo de independência, dizendo que a maioria das pessoas quer é ver o Reino Unido “a recuperar com força e unido” depois de a pandemia começar a regredir.

Numa viagem nesta quinta-feira à Escócia para tentar conter o apoio crescente a outro referendo, Johnson optou por passar uma mensagem contundente, dizendo que os partidários da independência tiveram a sua hipótese em 2014 e recordando que na época, concordaram que aquela seria “um acontecimento” que só aconteceria uma vez por “geração”.

Os laços que unem Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte numa economia que equivale a três triliões de dólares foram gravemente prejudicados tanto pela saída do reino da União Europeia como pela forma como Johnson lidou com a covid-19.

As sondagens indicam que a maioria dos escoceses seria agora a favor de romper a união de 314 anos com a Inglaterra. Mas Johnson, cuja impopularidade é profunda na Escócia de acordo com os inquéritos de opinião, sugeriu que mantinha a sua posição de não autorizar outro referendo - o Partido Nacional Escocês precisa dessa autorização para realizar uma votação legal.

“Creio que não é a coisa certa falar de forma interminável sobre outro referendo, quando penso que o que o povo do país e o povo da Escócia desejam em particular é lutar contra esta pandemia”, disse Johnson num laboratório próximo Edimburgo. “Não vejo vantagens em perdermo-nos com disputas constitucionais inúteis quando tivemos um referendo não há muito tempo”, disse.

O porta-voz de Johnson defendeu a viagem, dizendo que é “parte fundamental do trabalho do primeiro-ministro sair e ver empresas, comunidades e pessoas”, especialmente durante a pandemia.

Nicola Sturgeon, que chefia o governo semiautónomo da Escócia, espera que um forte desempenho do SNP nas eleições legislativas de 6 de Maio lhe dê o mandato para realizar um segundo referendo. Se a Escócia se tornasse independente, o Reino Unido perderia cerca de um terço de sua massa de terra e quase um décimo de sua população.

No referendo de 2014, o não à independência ganhou por 55% contra 45% do “sim”.

Mas a maioria dos escoceses também apoiou a permanência na UE no referendo sobre o “Brexit” em 2016 - embora a maioria no Reino Unido em geral, incluindo a Inglaterra, a base de Johnson, tenha votado pela saída. Os nacionalistas escoceses dizem que isso sustenta a sua vontade de secessão.

O ministro Michael Gove, que é escocês, disse à Sky News: “Neste momento, quando estamos a dar prioridade à luta contra a doença e também à necessidade de recuperação económica, falar em mudar a Constituição e tudo o mais é uma grande distracção”.