John Mortimore, treinador que se distinguiu em Portugal ao serviço do Benfica, morreu na terça-feira, aos 86 anos. O anúncio da morte do antigo jogador e técnico de futebol foi feito pelo Chelsea, emblema no qual fez a maior parte da carreira nos relvados. 

Como médio centro, John Mortimore acumulou quase 250 jogos pelos “blues”, num período de seca para os londrinos no que toca à conquista de troféus. Aos 37 anos, iniciou a carreira de treinador, na Grécia, tendo orientado também o Portsmouth antes de viajar para Portugal.

Nascido em Hampshire, foi em Lisboa que ganhou maior reconhecimento como treinador. Chegou em 1976, para substituir Mário Wilson, e começou por ser contestado pelos adeptos do Benfica, depois de ter vencido somente o primeiro jogo à 4.ª jornada. A partir da 5.ª ronda, porém, inicia um ciclo de 22 triunfos e três empates e sagra-se campeão.

Na segunda temporada na Luz (época de regresso de Humberto Coelho), Mortimore termina de mãos vazias e repete o registo na temporada seguinte - há 31 anos que o Benfica não terminava duas épocas consecutivas sem troféus. Resultado? Foi substituído por... Mário Wilson.

John Mortimore haveria de regressar, porém, quase uma década depois, para mais duas temporadas. Em 1985-86, termina em segundo lugar na Liga (o FC Porto foi campeão) e em 1986-87 consegue o segundo título em Portugal, ao qual junta a Taça de Portugal.

“Nada fazia prever essa dobradinha. O plantel do Benfica era curto, embora muito coeso, e tínhamos um treinador rigoroso. Não era simpático nem afável, mas sim eficaz”, chegou a dizer o avançado Rui Águas (melhor marcador dessa época, com 20 golos) acerca de John Mortimore. 

O técnico inglês ainda ficaria mais uma época na Liga portuguesa (depois de uma passagem pelo Betis), para orientar o Belenenses (terminou em 6.º lugar em 1988-89), antes de fazer um périplo por outras paragens e terminar em no país de origem.

A forte ligação ao Benfica e ao Chelsea motivou, em 2012, num jogo entre as duas equipas para a Liga dos Campeões, uma homenagem a Mortimore no relvado, com aplausos de todas as bancadas. E o seu papel no futebol ficaria ainda mais completo quando se tornou presidente do Southampton.