Governo põe a hipótese de transferir doentes para outros países
A possibilidade foi confirmada pela ministra da Saúde durante uma entrevista num programa de informação da RTP. “Nós temos camas disponíveis, o que muito dificilmente conseguimos ainda gerir são os recursos humanos.”
A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou nesta segunda-feira que o Governo está a “accionar todos os mecanismos” à sua disposição a nível internacional face à situação da pandemia, admitindo que já se equaciona a possibilidade de transferir doentes para outros países. O objectivo é garantir a melhor assistência aos doentes com covid-19.
“O Governo português está a accionar todos os mecanismos de que dispõe, designadamente no quadro internacional, para garantir que presta a melhor assistência aos utentes”, afirmou Marta Temido, num programa de informação da RTP sobre a pandemia.
“Nós temos camas disponíveis, o que muito dificilmente conseguimos ainda gerir são os recursos humanos”, admitiu Marta Temido. Vinte e dois mil profissionais de saúde ficaram infectados com o novo coronavírus desde o início da pandemia em Portugal.
Questionada pela jornalista Fátima Campos Ferreira sobre se o Governo está a “equacionar pedir ajuda internacional, ajuda europeia, enviar doentes” para outros países, a ministra considerou que Portugal, geograficamente, tem uma “situação distinta” de outros países do centro da Europa, onde, “mesmo em situação normal, aspectos como a circulação transfronteiriça de doentes já acontece como uma realidade simples”.
“Estamos num extremo de uma península e, portanto, com maiores constrangimentos geográficos, mas de qualquer forma, há mecanismos e há formas de obter auxílio e de enquadrar formas de colaboração e, naturalmente, que estamos a equacioná-las”, admitiu Marta Temido, ao considerar que é preciso ter a “consciência de que a situação europeia é toda ela preocupante”.
Na mesma entrevista, a ministra da Saúde referiu também que, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, existem cerca de 5600 pessoas internadas por covid-19 e mais de 760 em unidades de cuidados intensivos, uma realidade “imaginável” no contexto dos “planos de catástrofe dos hospitais” públicos.
Portugal registou mais 252 mortes por covid-19 e 6923 novos casos de infecção no domingo, de acordo com o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS) desta segunda-feira.