A Alemanha vai ser o primeiro país da União Europeia (UE) a usar o mesmo fármaco experimental com anticorpos que ajudou Donald Trump a recuperar-se da covid-19, informou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, este domingo. 

O Governo alemão investiu 400 milhões de euros para comprar 200 mil doses do tratamento recebido em Outubro de 2020 pelo então Presidente dos Estados Unidos. “A administração destes anticorpos pode ajudar pacientes de alto risco na fase inicial a prevenir um agravamento da doença”, disse Jens Spahn ao jornal Bild am Sonntag.

Apesar de ainda não ter sido aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), o regulador europeu, o tratamento teve luz verde para o uso de emergência nos Estados Unidos. Foi desenvolvido pelo laboratório Regeneron a partir de uma cultura de células que derivam de tecido fetal, traduzindo-se num cocktail de anticorpos monoclonais. O cocktail é composto essencialmente por anticorpos sintetizados em células vivas e administrados a uma pessoa para ajudar o organismo a combater a infecção.

Vão ser disponibilizados dois tipos diferentes de terapias com anticorpos monoclonais para hospitais universitários na próxima semana, avançou ainda Spahn. A decisão da Alemanha de usar os medicamentos antes de serem autorizados pelos reguladores europeus ocorre num momento de crescente frustração com a distribuição mais lenta do que o esperado de vacinas da covid-19 na UE.

Devido a problemas com a produção das vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca/Universidade de Oxford, os fabricantes disseram que entregariam menos doses do que o previsto na Europa, a curto prazo. A multinacional farmacêutica AstraZeneca já avisou a UE de que teria de cortar em 60% a quantidade de vacinas que poderá fornecer aos 27 Estados-membros até Março.

O Governo alemão disse, porém, que espera ser capaz de vacinar todos os alemães até final de Agosto. O surgimento de novas variantes do coronavírus SARS-CoV-2 mais contagiosas aumentou as preocupações e levou a Alemanha a restringir as viagens e aumentar os controlos de fronteira. O país incluiu na sexta-feira Portugal no grupo de mais de 20 países e territórios considerados de “alta incidência” da pandemia de covid-19. A Alemanha registou já mais de dois milhões de casos desde o início da pandemia e mais de 50.000 mortes.