Covid-19: Madrid endurece medidas e proíbe visitas a casa
O especialista de saúde pública Manuel Franco, das universidades de Alcalá e Johns Hopkins, mostra-se crítico do atraso de Madrid em aumentar o nível de restrições. E ainda há margem para endurecer medidas, tendo as conta as que foram adoptadas noutras regiões.
A actual situação pandémica acabou por levar Madrid a adoptar maiores restrições que então em vigor na segunda-feira e que passam, por exemplo, por um recolher obrigatório uma hora mais cedo, às 22h, e pelo encerramento de estabelecimentos não essenciais também uma hora mais cedo, às 21h. Às mesas de restaurantes só se poderão sentar grupos de quatro pessoas, dentro ou fora e morando ou não juntas. Apenas as que moram numa casa poderão estar nela, ou seja, não haverá visitas, escreve o El Pais.
As medidas foram decididas na sexta-feira tendo em conta a situação epidemiológica e a curva de novos contágios, com 904 casos por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, e tendo em consideração sobretudo os internamentos e aqueles feitos em cuidados intensivos. O governo da região acabou por ceder e adoptar medidas como já o fizeram outras regiões. A presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, resistia em tomar medidas que afectassem o sector da hotelaria e restauração.
O conselheiro da Comunidade de Madrid para a Saúde, Enrique Ruiz Escudero, também citado pelo mesmo jornal, avisou que a população se deve preparar “para um cenário em que as medidas que tomarmos não serão suficientes”.
Citado pelo El Pais, o especialista de saúde pública Manuel Franco, das universidades de Alcalá e Johns Hopkins, mostra-se crítico do atraso de Madrid em endurecer as medidas, considerando que a postura de resistência diante do governo central vai contra a protecção da saúde pública.
Também em Espanha, os números da pandemia não têm dado descanso: dados de sexta-feira davam nota de mais 42.885 diagnósticos, o segundo maior número diário já registado, depois dos 44.357 de quinta-feira. No total, recorda o El Pais, há 2.499.560 casos notificados, 247.396 dos quais em sete dias. Destes, 14% foram registados em Madrid, 34.983. São dados que reflectem como a situação está a piorar em várias regiões.
Madrid ainda tem, porém, margem para adoptar medidas ainda mais restritivas, escreve o mesmo jornal. Entre outros exemplos de medidas mais duras noutras regiões, em Navarra, Cantábria, Castela e Leão, Galiza e Astúrias, o interior dos espaços do sector da restauração está fechado; em Múrcia e na comunidade valenciana, esta proibição afecta também as esplanadas; e na Estremadura também se optou pelo encerramento de estabelecimentos não essenciais em cidades com mais de três mil habitantes.