Covid-19: Bolsonaro acusado de montar uma estratégia que ajudou a propagar coronavírus no Brasil
Um estudo aponta três factores que levaram à situação de risco em que o Brasil se encontra: legislação que não protege a saúde pública, obstrução governamental às respostas dos governos municipais e estaduais e ainda actos de propaganda contra as recomendações da ciência.
O Brasil é o terceiro país mais afectado pela pandemia de SARS-CoV-2, atrás dos Estados Unidos e da Índia. Desde que foi detectado o primeiro caso, a 25 de Fevereiro de 2020, já foram infectados no Brasil mais de 8,7 milhões de pessoas. Destas, mais de 215 mil morreram.
Uma investigação do Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, divulgada pela edição brasileira do El País, diz que o Governo do Presidente Jair Bolsonaro promoveu a propagação do vírus, não sendo possível prever a quantidade de vidas que seriam salvas se a estratégia tivesse sido diferente.
O estudo aponta três factores que levaram à situação de risco em que o Brasil se encontra: legislação que não protege a saúde pública, obstrução governamental às respostas dos governos municipais e estaduais e ainda actos de propaganda contra as recomendações da ciência.
A somar a isto, o estudo acrescenta o papel das notícias falsas e da informação técnica utilizada no crescimento exponencial da pandemia no Brasil, algo que foi feito “com o objectivo de desacreditar as autoridades de saúde” e “deixar a população contra as recomendações” sanitárias.
Durante a pandemia, o Presidente Bolsonaro vetou vários diplomas legislativos como os que garantiam a “distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e de desinfecção para as aldeias” de indígenas, compensações para os profissionais de saúde que ficaram incapacitados depois de terem sido infectados em serviço, ou ainda o diploma que previa a utilização obrigatória de máscaras no comércio, escolas e igrejas. Mais recentemente, o Presidente do Brasil vetou a blindagem orçamental que garantia fundos para o processo de vacinação no Brasil.
A vacinação no Brasil tornou-se numa batalha política entre o Governo Federal e o Estadual de São Paulo. Para Bolsonaro, a solução para a pandemia não estava na vacina, mas nos chamados tratamentos experimentais, que, segundo a ciência, não têm quaisquer efeitos comprovados na cura da covid-19, como a cloroquina.