No último dia, Marisa Matias disse que “a campanha virou” e voltou a apelar ao voto de “toda a esquerda”

A dirigente e eurodeputada bloquista, que evitou traçar metas, chegou ao final da campanha com um objectivo: mobilizar “toda a esquerda” a votar em si para que sejam “duas candidatas” (e não apenas uma) a ficar à frente da extrema-direita.

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Paulo Pimenta
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“Termino como comecei. E termino feliz.” Marisa Matias encerrou a sua campanha eleitoral em Coimbra, cidade de onde é natural e onde estudou. O comício de encerramento – que manteve o modelo virtual adoptado no início da campanha – foi montado no Convento de São Francisco. No domingo, Marisa Matias acompanhará a noite eleitoral a partir do Pavilhão Centro de Portugal, também em Coimbra.

A escolha do lugar foi simbólica: foi no Convento de São Francisco que o socialista António Arnaut e o bloquista João Semedo apresentaram o livro “Salvar o SNS - uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a Democracia”, em Janeiro de 2017. A saúde foi uma das bandeiras que a candidata quis associar à sua campanha desde o momento da sua candidatura. Estávamos ainda em Setembro quando a eurodeputada bloquista anunciou a sua candidatura no Largo do Carmo, em Lisboa, de cravo vermelho na mão e acompanhada por trabalhadores que estiveram sempre na linha da frente no combate à pandemia.

No derradeiro discurso, Marisa Matias rejeitou a estratégia de “voto útil”, que lhe poderá tirar alguns votos, e afirmou: “O voto não se faz com uma máquina de calcular”, mas com convicção. A candidata presidencial sublinhou que “nada está decidido” e que apesar das condições difíceis que o país atravessa e que dificultam a ida às urnas houve “tanta gente que viveu tempos igualmente tão difíceis e demorou anos, senão décadas, a lutar por esse direito [ao voto]”. E “se não é no momento mais difícil em que nos querem tirar a democracia que gritamos liberdade” então quando será, acrescentou a candidata.

Marisa Matias insistiu que ainda “tudo pode acontecer” à esquerda (e à direita) e que ainda estamos “a tempo de virar o jogo”, até porque, continuou, esta foi uma campanha “muito mais entusiasmante” do que se previa antes do arranque da corrida eleitoral.

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Marisa Matias pediu aos eleitores que votem "por convicção" e não de máquina de calcular na mão, numa referência ao voto "útil" que lhe poderá roubar força Paulo Pimenta

A candidata justificou que percorreu o país porque sabia que existem “pessoas em cada canto do país que precisavam que a sua voz fosse ouvida”. “É importante dar rosto e nomes às causas”, acrescentou. 

A candidata presidencial recordou a sua visita à sua aldeia, em Alcouce, Coimbra, uma aldeia com cerca de 80 habitantes e onde Marisa viveu até aos 23 anos. Depois de lembrar que foi “a democracia” e os serviços públicos que lhe permitiram concretizar os seus projectos de futuro, a eurodeputada homenageou a irmã, Elisabete, a prima Ana, ambas a trabalhar na linha da frente da Saúde, a amiga Catarina que trabalha num lar e a amiga Cláudia, enfermeira. “Elas fazem parte da linha da frente, das mulheres e dos homens que cuidam de nós e que ganham o salário mínimo ou pouco mais”, lamentou Marisa.

Esta sexta-feira, Marisa quis recordar os eleitores do que a fez lançar-se novamente na corrida a Belém (depois de em 2016 ter conseguido a melhor votação de uma candidata presidencial) e reuniu-se virtualmente, através de uma videoconferência, com alguns dos profissionais que estiveram consigo em Setembro (e com outros tantos que entretanto se juntaram à campanha para levar a dirigente bloquista de Bruxelas a Belém). Um a um, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda ouviu os testemunhos de um trabalhador de recolha do lixo, um enfermeiro, um médico, a administradora hospitalar em Cantanhede, uma cuidadora informal, um carteiro, uma cientista, um trabalhador da indústria e uma estudante.

Além do combate à pandemia covid-19, há também a urgência de responder “à pandemia de quem quer voltar ao Estado Novo”, ouviu-se. "A Marisa dava uma óptima profissional de saúde”, resumiu Roberto Tavares, trabalhador dos CTT, que elogiou justamente a capacidade de Marisa “cuidar” e olhar para a importância do Serviço Nacional de Saúde.

“Comecei a campanha a olhar-vos nos olhos e a dizer-vos que era a candidata contra o medo e sou. E muita da minha força veio de vocês”, respondeu Marisa, no final do encontro. Depois de na quinta-feira ter regressado a Alcouce, à aldeia onde viveu até aos 23 anos, a candidata reajustou o discurso combativo para um discurso de esperança, apelando ao voto de “toda a esquerda” para que sejam “duas candidatas à frente de Ventura e não só uma”.

Foi esse o discurso que Marisa repetiu no último dia. A eurodeputada, que viu a sua campanha ganhar um novo fôlego com o movimento #VermelhoEmBelém, acredita que “a campanha virou” e que “a solidariedade” está “a ganhar”. Em declarações aos jornalistas, em resposta aos problemas identificados pelo Governo na formação de mesas de voto em 15 concelhos, Marisa Matias desvalorizou as dificuldades e voltou a apelar ao voto, repetindo que o acto eleitoral de domingo "é seguro" e que por isso acredita na “mobilização”.

E apesar de ainda não ter chegado a Belém, Marisa Matias vinca que ao contrário do actual Presidente da República não se perde “em discursos redondos” sobre temas como a despenalização da eutanásia que esta quinta-feira foi aprovada na especialidade. “Seria com toda a vontade de reconhecer essa dignidade que promulgaria a lei”, afirmou. Relativamente ao silêncio do actual Presidente da República sobre o tema, Marisa respondeu que têm existido “muitos discursos redondos”. “Mas o meu é certinho”, declarou.

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