Costa e Marcelo nas entrelinhas do discurso de Pedro Nuno Santos
A autenticidade de Ana Gomes, a ausência de candidato do PS (por decisão de António Costa) e as reuniões de Marcelo com os privados. O ministro das Infra-estruturas discursou no encerramento da campanha da cnadidata independente que é socialista.
Pedro Nuno Santos entrou ao fim da tarde desta sexta-feira na campanha de Ana Gomes, numa sessão virtual, com rasgados elogios à candidata presidencial que “não é uma socialista qualquer”. “Ana, obrigado por não deixares os socialistas sozinhos nesta campanha”, disse-lhe, mais do que uma vez o ministro das Infra-estruturas e Habitação num debate que encerrou a campanha.
Ana Gomes, que na quinta-feira disse que iria incentivar Pedro Nuno Santos a avançar para a liderança do PS, começou por apresentar o ex-líder da Federação Distrital do PS Aveiro “como um digno representante de uma linhagem de socialistas de convicção desde o pai fundador Mário Soares (…) e de toda uma linhagem de socialistas que passa por Manuel Alegre, Jorge Sampaio, por António Guterres e naturalmente por António Costa”.
“Honra-me muito este convite e com muito prazer e muita alegria que aqui estou”, respondeu Pedro Nuno Santos.
“Queria fazer-te um agradecimento a ti por teres tido a audácia de avançares com a tua candidatura e, se hoje todos os socialistas não estão limitados, no domingo, a votarem, a escolherem entre candidatos de outros campos políticos ou de outros partidos, isso deve-se à tua audácia. E por isso queria agradecer-te enquanto militante do PS, enquanto socialista”, acrescentou o ministro.
Nesta acção online, a partir de Lisboa, Pedro Nuno Santos afirmou ainda que uma candidatura presidencial não é apenas a eleição de um indivíduo, “é mais do que isso”: “É a eleição de um ideário desse candidato, esse indivíduo transporta. A sua visão do mundo, do país, da forma como os homens e as mulheres se relacionam. (…) E é esse ideário que a Ana Gomes transporta, acontece também ser militante do PS.”
O ministro sabe que alguns dizem que não basta ser socialista para ter os votos dos socialistas, mas reconhece que Ana Gomes “não é uma militante qualquer”.
“É uma militante que ao longo dos anos deu muito ao país em nome do Estado português e em nome do PS. E em nenhum momento nós ficámos mal vistos com o trabalho que a Ana Gomes fazia. Antes pelo contrário”, salientou.
Pedro Nuno Santos acrescentou Ana Gomes “é uma pessoa com coragem” e que “isso é muito importante”: “Nós precisamos de ter políticos que tenham a coragem de enfrentar aqueles que ao longo dos anos têm sempre mandado, têm sempre governado, têm sempre liderado nas nossas vidas.”
O dirigente do PS disse ainda que “o país precisa de uma presidente como a Ana Gomes, que tenha a coragem de enfrentar os de cima, que foi o que sempre fez e desfez ao longo de muitas décadas o nosso país”. “Nós precisamos de alguém que tenha o coração e a cabeça no sítio certo. (…) Há uma coisa que nós precisamos cada vez mais nos políticos: autenticidade. Quem é autêntico não está obcecado em que tudo aquilo que diga seja aceite e não seja alvo de crítica”, acrescentou, dizendo ainda que há “cada vez mais políticos que são construídos, que não são autênticos”.
Sem nunca referir o nome de Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro das Infra-estruturas e Habitação referiu a visão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a pandemia para vincar a diferença de pensamento entre esquerda e direita.
“Quando o Governo, num momento difícil, inicia uma negociação com grupos privados da saúde, à Ana Gomes Presidente da República nunca lhe ocorreria reunir com os grupos privados”, afirmou, numa crítica implícita ao actual chefe de Estado e recandidato, que em teve várias audiências em Belém com administradores deste sector.
No debate participaram ainda Carolina Pereira, apresentada como uma jovem activista, e Francisco Abreu Duarte, jovem jurista.