Como atrair as mulheres para a informática? É preciso mudar a forma como são representadas nos media

A estratégia para a Igualdade de Género para o período de 2020-2025 que foi aprovada esta quinta-feira em Parlamento Europeu quer atrair mais mulheres para as áreas de informática e tecnologia — e parte do processo passa por mudar a forma como as mulheres são retratadas nos canais audiovisuais.

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Actualmente, as mulheres representam apenas 18% da população europeia a trabalhar no sector da tecnologia Carlos Barria

Nos próximos cinco anos, o Parlamento Europeu espera ter uma Europa com mais mulheres a trabalhar nas áreas de informática e tecnologia, com melhores salários e mais conhecimentos digitais. Parte do processo passa por mudar a forma como as mulheres são retratadas nos canais audiovisuais — seja ficção ou informação.

O objectivo faz parte da nova Estratégia para a Igualdade de Género para o período de 2020-2025 que foi aprovada esta quinta-feira (com 464 votos a favor, 119 contra e 93 abstenções). Ao atrair mais mulheres para a área das TIC (sigla para tecnologia de informação e comunicação), os eurodeputados esperam promover a igualdade de género e aumentar a competitividade europeia no sector digital. 

“A falta de mulheres em TIC também põe em causa a economia europeia cuja principal barreira é a falta de profissionais nas novas tecnologias”, justificou a eurodeputada do PSD Maria da Graça Carvalho, que é membro da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros, num debate sobre a nova estratégia.

A eurodeputada é também autora do relatório que identifica as principais causas para o menor envolvimento das mulheres nas TIC e sugere medidas para aumentar a participação feminina na economia digital que foi aprovado esta quinta-feira.

Actualmente, as mulheres representam apenas 18% da população europeia a trabalhar no sector da tecnologia e as empresas continuam a relatar dificuldades em encontrar profissionais com as competências digitais necessárias. E embora existam mais mulheres licenciadas na Europa do que homens, as mulheres continuam a estar sub-representadas nas profissões mais bem remuneradas.

“Se nada for feito a situação só tenderá a piorar”, sublinhou a eurodeputada portuguesa. “Entre os cerca de 1,3 milhões de pessoas que estudam na área das TIC, só 17% são raparigas.”

“A desigualdade no digital aumenta o fosso salarial com consequências negativas também nas reformas, sendo que um dos grandes problemas de hoje são os baixos rendimentos das mulheres aposentadas”, acrescentou ainda a antiga ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior.

Mudar representação das mulheres é fundamental

Mudar a forma como a relação entre as mulheres e a tecnologia é retratada nos media é fundamental, insiste Graça Carvalho. Até porque segundo o relatório do Parlamento Europeu, as raparigas tendem a apresentar um melhor desempenho do que os rapazes no domínio da literacia digital. 

“É importante que [os media] sejam estimulados a mudar a forma como retratam a relação das mulheres com a tecnologia tanto na parte da informação como da ficção”, notou a eurodeputada que acredita que os canais audiovisuais “contribuem inconscientemente para a interiorização de alguns estereótipos”. 

A solução deve começar nos primeiros anos de escolaridade através do desenvolvimento de conteúdos mais apelativos para as raparigas e a apresentação de casos de sucesso de mulheres do sector. Os estados membros também devem criar programas de empreendedorismo e financiamento para projectos nos sectores das TIC dirigidos às mulheres.

Apesar de grande parte dos eurodeputados concordar com as medidas, no debate desta quinta-feira sobre a nova Estratégia para a Igualdade de Género foi solicitado que sejam definidas metas específicas e vinculativas para atrair mais mulheres para o sector tecnológico. 

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